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Mudança de trajeto no Grito dos Excluídos 2022

Manifestação, que terminaria em Itararé, irá findar em Gurigica, com distribuição de alimentos para a comunidade

O trajeto do Grito dos Excluídos 2022, que será no próximo dia 7 de setembro, sofreu uma pequena mudança. A concentração continuará sendo na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), campus de Goiabeiras, a partir das 8h, entretanto, o término, que seria na praça de Itararé, no Território do Bem, agora será na praça de Gurigica, na mesma região. A mudança considerou que, às quartas-feiras, é realizada uma feira na praça de Itararé, podendo atrapalhar os comerciantes, com a chegada de muita gente e utilização de caro de som.

Além disso, o final do Grito contará com distribuição de alimentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O integrante da direção estadual do MST, Jerri dos Santos Oliveira, explica que ainda é estudada, junto com a Campanha Paz e Pão, da Arquidiocese de Vitória, a forma como a distribuição será feita.

Os alimentos estão sendo arrecadados entre agricultores familiares, trabalhadores rurais dos assentamentos do MST e dos acampamentos. “A distribuição é uma forma de dialogar sobre a importância da reforma agrária, do apoio a essa causa para produção de alimento e combate à fome”, diz Jerri. A parada na sede da Petrobras, na Reta da Penha, durante o percurso, está mantida.
Também foi decidido pela organização do protesto que os partidos políticos poderão levar suas bandeiras. Giovani Lívio, coordenador do Fórum Igrejas e Sociedade em Ação, que organiza o Grito, destaca que se trata dos partidos que colaboram na organização da manifestação, considerados progressistas e historicamente envolvidos com as causas sociais, como PT, PSB, Psol, PCdoB, PCB e PSTU.
Diante da convocação do presidente Jair Bolsonaro (PL), para que seus apoiadores se manifestem nas ruas no dia 7 de setembro em defesa de um golpe, Giovani afirma que a equipe de segurança foi reforçada e que os participantes do Grito serão orientados a não aceitar nenhum tipo de provocação. Este ano, o Grito chega a sua 28ª edição, e tem como tema “Vida em Primeiro Lugar”, e lema, “Brasil: 200 Anos de (In) Dependência. Para quem?”.
Giovani explica que a escolha da Ufes para a concentração é para denunciar o desmonte da educação pública em todos os níveis, não somente no ensino superior. No caso do ensino público federal, ele destaca a dificuldade cada vez maior de permanência dos estudantes de origem popular nas universidades, uma vez que, embora haja políticas de ação afirmativa, como as cotas, o corte nos orçamentos das instituições de ensino impossibilita o investimento em bolsas, como as de pesquisa, extensão e assistência estudantil.
A parada na Petrobras questiona a extinção da Bacia do Espírito Santo, da estatal, após as vendas dos polos de Golfinho e Camarupim, no norte capixaba, em junho, comprados pela empresa BW Energy, por US$ 75 milhões, valor que, segundo o Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES), corresponde a apenas 50 dias de produção.

“Vamos nos manifestar contra as privatizações, a política de preços, que tem feito aumentar consideravelmente o valor do combustível e do gás de cozinha. A gente perde a soberania nacional quando o governo entrega de mão beijada nosso petróleo”, ressalta Giovani. Ele destaca que a extinção da Bacia do Espírito Santo também acarreta perda de royalties, o que significa menos recurso financeiro para políticas públicas. .

Ainda segundo Giovani, o Grito também denunciará o favorecimento às elites econômicas, que contribui para as diversas formas de dependência registradas no Espírito Santo. Umas delas são a econômica e política em relação aos grandes empreendimentos poluidores.
“Somos dependentes de um marco industrial das décadas de 60, 70, 80”, afirma, exemplificando com a situação da cidade de Anchieta, no sul do Espírito Santo, diante do fechamento da Samarco/Vale-BHP, ocasionado pelo crime do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais. “O que virou Anchieta? Uma cidade de muitos desempregados, devido à falta de investimento em outros campos, como a pesca, a agricultura, o artesanato e o turismo”, enumera.

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