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Mulher luta por concessão de medida protetiva por medo de ex-marido

A educadora física Simone Del Maestro luta há cinco meses para que seja mantida a medida protetiva que determina que o ex-marido, Renato Reis dos Santos, não se aproxime dela. Simone teme ser agredida. No entanto, por duas vezes, a medida foi suspensa pelo juízo da 11ª Vara Criminal de Vitória – especializada em violência contra a mulher. 
 
Ela conta que se relacionou por seis anos com o Renato, sendo dois anos de casamento. Há cinco meses, após uma agressão do então marido (que é faixa-roxa em jui-jitsu) se separou. “No primeiro mês de separação, começou a me ameaçar indo à academia que administramos juntos”.  Simone ressalta que sempre que ia denunciar as agressões, era questionada se queria representar contra o ex-marido, mas, achando que as ameaças parariam, optou por não representar. 
 
As ameaças, no entanto, não pararam e Simone recorreu ao juízo da 11ª Vara, onde conseguiu uma medida protetiva de urgência contra o ex-marido, emitida pelo juiz do Plantão Judiciário em 13 de julho. 
 
Em 15 de julho, a juíza titular da 11ª Vara, Clésia dos Santos Barros, suspendeu a medida, por entender que não se tratava de violência doméstica, mas uma questão patrimonial. Simone administrava uma academia, em que eram sócios o ex-marido e um tio dele. Assim que a medida foi revogada, ela conta, o ex-marido se encaminhou ao local e, aos gritos, exigiu que a filha de Simone deixasse a recepção. 
 
Ao chegar à academia, depois de ser avisada pela filha da chegada do ex-marido, Simone disse a ele que não mexesse com a filha e teve início uma discussão acalorada. Simone salienta que o ex-marido a ameaçou de novo e foi contido por um aluno da academia. No mesmo dia, ela retornou à 11ª Vara e relatou o acontecido, sendo encaminhada para atendimento psicossocial. 
 
Depois da primeira suspensão da medida, todos foram chamados para fazer um acordo que resguardasse ambas as partes. De acordo com Simone, o acordo restaurava a medida protetiva e, por conta da academia que administravam juntos, todos foram orientados a se comunicarem através dos advogados. Ela conta que, no dia seguinte à realização do acordo, em 29 de agosto, a medida foi novamente revogada, já que o advogado do ex-marido alegou que o cliente fora coagido a aceitar o acordo. 
 
Simone ressalta que, na reunião de acordo não houve coação, a promotora de Justiça Sueli Lima e Silva, na ocasião, disse às partes que a medida favorecia ambos, mas deixou claro que o ex-marido não poderia ir à academia, apenas seus representantes legais. 
 
Depois desta suspensão, segundo Simone, as ameaças continuaram. Ela diz que o ex-marido fala coisas do tipo: “A partir de agora as coisas serão do meu jeito”, sobre a tentativa de receber dinheiro da parcela do acordo da parte dele na academia. 
 
Se antes das revogações Simone havia evitado representar contra o ex-marido para não provocar a instauração de ação penal, após as ameaças ela decidiu por representar. Na última quinta-feira (18) a educadora física protocolou representação para que ele seja processado por meio de ação penal. 
 
Simone diz que, por conta das ameaças, a filha dela, de 18 anos, ficou uma semana sem ir à faculdade e ainda evita sair sozinha. Entre julho e setembro deste ano, Simone já fez cinco boletins de ocorrência (BO) contra o ex-marido, sendo três pela Lei Maria da Penha e dois por furto. 

Em contato com a reportagem, o ex-marido de Simone, Renato Reis dos Santos, alegou que as informações passadas por ela são inverídicas. Ele contou que a medida protetiva foi suspensa pelo fato de o casal trabalhar no mesmo local. 

Segundo Renato, a ex-mulher quer retirar os aparelhos da academia que administravam juntos (e hoje está fechada) sem que ele possa se aproximar. “Em um feriado em que viajei, ela entrou na academia e retirou dez máquinas”, ele disse. 

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