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Mulheres capixabas fora das margens

“Mais Elas”, novo núcleo da Cufa-ES, vai oferecer capacitação para mulheres das favelas do Estado

Redes sociais

A Central Única das Favelas do Espírito Santo (Cufa-ES), que diariamente atende famílias em vulnerabilidade social, vai criar um núcleo de atividades totalmente voltado para mulheres. Com previsão de lançamento em março, o projeto “Mais Elas” pretende consolidar uma rede de apoio, que envolve capacitação profissional e combate às discriminações vivenciadas por mulheres das favelas capixabas.

A ideia é promover encontros, palestras e cursos, com o objetivo de desenvolver as potencialidades das participantes. As discussões no núcleo também abordarão as discriminações de gênero, raça, etnia e orientação sexual.

“O objetivo é fazer com que as mulheres, principalmente as periféricas e negras, entendam que são capazes de ocupar qualquer lugar sem medo, pois são potência! Em todos os sentidos”, afirma a advogada Hellen Tiburcio, uma das organizadoras do projeto.

Também organizadora, Rosana Pereira explica que o projeto quer fazer com que essas mulheres, que por vezes se desdobram para garantir o prato na mesa, sejam vistas como protagonistas de suas vidas. “Muitas mulheres hoje trabalham, sustentam seus lares, e ainda ganham menos do que o homem em algumas funções. Então a gente busca trazer a mulher de favela para o centro da sociedade e não viver à margem, como ainda acontece”, aponta.

A Cufa-ES já desenvolve ações com mulheres há mais de dois anos, por meio de projetos como o “Mães de Favela”, mas havia uma demanda por um núcleo específico com esse recorte. O projeto é baseado no fomento ao conhecimento e à arte. Por isso, as participantes também terão acesso a iniciativas como o curso de trancista e empreendedorismo feminino.

Empreendedorismo que, na maior parte dos casos, é feito por necessidade. Uma pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor 2016 (GEM), que realiza o monitoramento de empreendedorismo global, mostrou que 48% das mulheres iniciam a atividade empresarial para complementar a renda ou porque buscam recolocação no mercado de trabalho. Entre os homens, esse número cai para 37%.

Quando se trata da população preta, essa realidade é ainda mais marcante. Em janeiro, a presidente do coletivo Mulheres Unidas do Caratoira (Muca), Winy Fabiano, enfatizou que o empreendedorismo preto e periférico, na verdade, é uma forma de sobrevivência.

“A maioria dos empreendedores tem capital de giro, nós empreendedores negros e afro empreendedores, começamos do zero. Empreendemos por necessidade, por sobrevivência. Hoje é até perigoso falar de empreendedorismo para a população negra, porque ela não empreende, sobrevive”, disse em recente entrevista ao Século Diário.

Cufa-ES

O projeto “Mais Elas” parte da Cufa-ES, que tem realizado um trabalho intenso de apoio a pessoas em vulnerabilidade durante a pandemia. Só em 2021, mais de 45 mil famílias capixabas foram atendidas pela organização.

No ano passado, a Cufa-ES também realizou ações em 17 municípios do Estado, atendendo mais de 140 favelas, principalmente com a entrega de cestas básicas.

Mais informações sobre o novo projeto serão lançadas nas redes sociais do núcleo: @maiselasoficial.

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