“Fora, Bolsonaro!” e pedidos de “basta de violência contra a mulher e ditadura nunca mais” foram algumas das muitas palavras de ordem ditas por mulheres de vários locais do Espírito Santo durante a marcha realizada nesta sexta-feira (6), no Centro de Vitória, em alusão ao Dia Internacional da Mulher.
Foto: Leonardo Sá
A manifestação foi marcada pela diversidade de representações, contando com a presença de camponesas, negras, quilombolas, sindicalistas, LGBT’s, entre outras. As manifestantes saíram da Defensoria Pública Estadual rumo ao Museu Capixaba do Negro (Mucane).
Diante de tão variada representação, as pautas defendidas foram igualmente diversas, reconhecendo as especificidades de cada grupo, sem deixar de lado a unidade entre os diversos movimentos. Os altos índices de feminicídio de mulheres negras no Espírito Santo e a falta de política pública para mudar essa realidade foram destacados pelo Movimento Negro Unificado (MNU).
Foto: Leonardo Sá
“A violência contra a mulher é muito forte no Espírito Santo, especialmente em relação à mulher negra. Os índices de feminicídio de mulheres brancas têm diminuído, enquanto o de negras está aumentando. A mulher negra está na base da pirâmide”, diz a militante do MNU, Marilene Aparecida Pereira.
Vinda de Nova Venécia especificamente para a marcha, a coordenadora estadual do Movimento de Mulheres Camponesas, Aparecida Sian, salienta que faltam políticas públicas com foco nas mulheres do campo, tanto no que diz respeito ao combate à violência quanto em outras áreas, como as referentes ao trabalho agrícola.
Foto: Leonardo Sá
De acordo com ela, na maioria dos casos, o bloco de notas do produtor rural, que formaliza a atividade agrícola, fica no nome do homem, fazendo com que a agricultora não tenha contribuição previdenciária, pois não pode colocar no nome do casal.
Foto: Leonardo Sá
Durante a marcha, as mulheres também reafirmaram a luta pelo direito ao trabalho, à previdência social e em defesa do serviço público. Em diversos momentos, salientaram a necessidade de combater o governo Bolsonaro.
“O atual governo tem uma proposta política misógina e representa o retrocesso em relação a muitos direitos conquistados pelas mulheres nos últimos 80 anos”, criticou a militante do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) e uma das organizadoras da manifestação, Tchenna Maso.
Foto: Leonardo Sá
Para ela, isso tem contribuído para o aumento da violência contra a mulher, por isso esse foi o tema central da marcha este ano. “A violência contra a mulher sempre existiu, mas tem se intensificado por causa do discurso da direita bolsonarista”, pontuou.
Atividades político-culturais
No domingo (8) as mulheres farão diversas atividades de luta, com apresentações culturais. As atividades se iniciam às 15h, no Parque Moscoso, com entrada franca.
Dentre as atrações, haverá oficina de contação de histórias, oficina de automaquiagem para LGBT’s, oficina de ervas (sabonetes, incenso, etc.), música e feira de trabalhos manuais.