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Mulheres vítimas de violência terão curso de educação financeira

A autonomia financeira pode ser uma importante aliada da mulher que sofre violência doméstica. É muitas vezes a dependência do companheiro que faz com que a vítima não busque ajuda e continue sofrendo as mais diversas formas de violência, que podem começar com “piadas”, ciúmes e chantagens, e, muitas vezes, terminam em assassinato.

O Espírito Santo figura, nos últimos anos, entre os estados brasileiros mais violentos contra a mulher. Segundo o Observatório Brasileiro de Segurança Pública, no ano passado, 33 mulheres foram assassinadas – mais de dois casos por mês – no Estado, a maioria, pelos próprios maridos (33%) ou companheiros (21%). 

Para ajudar a mudar essa realidade, o projeto “Mulher Superando o Medo” está oferecendo curso de educação financeira, além de outros atendimentos para mulheres vítimas de violência doméstica no município de Vila Velha. O projeto disponibilizará atendimentos psicossociais, fará levantamento das demandas psicológicas e encaminhamento para o Centro de Atendimento à Vida (Cav) e para o Centro de Referência Especializado em Atendimento à Mulher Vítima de Violência em Vila Velha (Cranvive). 

Inicialmente serão atendidas 100 mulheres de sete comunidades do município canela-verde, que receberão capacitação em educação financeira com ênfase no aumento da renda. “O projeto já nasce com o conceito 4.0 da revolução industrial que envolve todas as áreas da sociedade, em que nós vamos entregar a elas o direito de uso de um aplicativo para orientação financeira. Elas receberão mensagens motivadoras, além de terem acesso ao controle das finanças de forma prática. O app inclui ainda o botão do Disque-180, caso precisem fazer alguma denúncia, além de dicas de combate à violência”, explicou Isabel.

Serão 10 turmas, cada uma com 10 vagas, e cinco encontros semanais, dos meses de fevereiro a junho de 2020. A formatura acontece em agosto, no Tribunal de Justiça do Estado. Dentre os assuntos abordados estão prevenção e combate à violência, apresentação dos serviços da rede pública de saúde, TPM (Treinamento de Inteligência Emocional), conceitos básicos de finanças, controles financeiros, introdução ao empreendedorismo, marketing pessoal, como elaborar um curriculum e atendimentos psicossociais.

As duas primeiras turmas serão nos dias 3, 5, 10, 12 e 17 de fevereiro, segundas e quartas, das 18h às 21h30, com atendimento psicossocial nos dias 4, 6, 11 e 13, terças e quintas, das 17h às 21h. as inscrições estão abertas no site do Instituto Win e pelo e-mail [email protected]

Quem fizer inscrição até esta sexta-feira (31) pode integrar as duas primeiras turmas, que serão atendidas no mês de fevereiro. Até o mês de junho, serão duas turmas por mês e as inscrições continuarão abertas enquanto houver vagas. 

Justiça pela Paz em Casa

O projeto “Mulher Superando o Medo” foi lançado durante a abertura da 15ª Semana Nacional Justiça pela Paz em Casa, em novembro de 2019. A idealização é da economista Isabel Berlinck, com a realização do Instituto de Inovação Win e apoio institucional do Tribunal de Justiça do Estado (TJES), por meio da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Comvides). 

A iniciativa possui apoio financeiro da Fundação Rotária, dos distritos 4751 e 3522 do Rotary Internacional, Rotary Club Vitória Mata da Praia, Rotary Club Taipei_Taiwan, Rotary Club Vila Velha Praia da Costa e Rotary Club Ituzaingo Maroñas Uruguai. Foi firmado também um termo de cooperação com a Prefeitura de Vila Velha. 

Segundo o secretário executivo do Rotary Club Mata da Praia, Antônio Lacourt, o “Mulher Superando o Medo” promete transformar vidas. “Nós esperamos abrir a mente dessas mulheres para receber o novo, que é a educação financeira, para mostrar que, sabendo administrar o pouco recurso que elas têm oriundos de suas atividades, elas vão conseguir sair desse ciclo de violência. Com isso, buscaremos também mais pessoas para se associarem ao Rotary Club e participarem de ações sociais semelhantes a esta. Nossa missão é conectar o mundo e abrir oportunidades”, disse Lacourt. 

A juíza da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJES, Hermínia Maria Azoury, enfatizou a importância da parceria. “A nossa luta é incentivar mulheres. A presença de projetos como esse trazem um upgrade para a vida pessoal e profissional de mulheres que sofrem com a violência doméstica. Muitas delas são dependentes dos algozes e ficam na inércia, sem se posicionarem por conta desta dependência afetiva e econômica dos provedores”, ressalta a juíza.

De acordo com a prefeitura, a parceria com diversas instituições, especialmente com o TJES, é importante. “A Constituição Federal estabelece que a política pública de assistência social tem de ser centrada na família. Sem proteção social não há proteção policial. Vila Velha está se alistando neste movimento em defesa das mulheres”, afirmou o prefeito Max Filho (PSDB).

Em 2019, a Lei Maria da Penha completou 13 anos, e apesar de todos os esforços, os números de violência doméstica e dos feminicídios no Espírito Santo ainda são alarmantes. O medo, a vergonha e a dependência emocional e financeira ainda são fatores impeditivos para mulheres denunciarem seus agressores. O sofrimento é silencioso e pode culminar em tragédias mais graves. 

O Projeto oferece tradução em Libras para mulheres surdas e conta com voluntários da área de recreação, que ficarão com os filhos das participantes durante as aulas, no mesmo local.

Mais informações pelos telefones (27) 99730-3300 e (27) 98115-5324. 

 

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