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No Dia Municipal da Juventude, Vitória não tem o que comemorar

Conselho denuncia descaso da gestão de Lorenzo Pazolini com as políticas voltadas para os jovens 

A cidade de Vitória comemora anualmente, em 19 de julho, o Dia Municipal da Juventude. Entretanto, a data não está propícia para festejos. É possível chegar a essa conclusão diante do sucateamento das políticas voltadas para os jovens da Capital. Falta de diálogo por parte da gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos); investimento em ações meramente pontuais; e atividades que não são atraentes para os jovens, por não atenderem as suas necessidades, são algumas das queixas do Conselho Municipal da Juventude.

O presidente do colegiado, Luiz Felipe Costa, que representa o eixo educação, afirma que não há planejamento por parte da prefeitura para a juventude, o que ocorre desde as eleições municipais, quando não foram apresentadas propostas para esse segmento. Ele destaca que, em um ano e meio de gestão, Vitória já está na terceira pessoa à frente da coordenação de Juventude. “Os dois primeiros não tinham afinidade nenhuma com a pauta. A atual avançou, mas o trabalho fica amarrado pelo fato de a juventude não ser prioridade da gestão”, afirma. 


Ele rememora o encerramento da Casa da Juventude, que funcionava na região da Grande São Pedro e fechou em fevereiro deste ano após a Prefeitura de Vitória não renovar o termo de colaboração com o Instituto de Desenvolvimento Social Bem Brasil, responsável pelas atividades da Casa. Nesta terça-feira (19), para a data não passar despercebida, a gestão municipal resolveu anunciar que as obras do equipamento, que passará a funcionar no Centro de Educação e Artes Unificado (CEU), também em São Pedro, finalizam em dezembro. 
Contudo, Luiz Felipe destaca a necessidade de diálogo do poder público com a juventude para proposição das ações a serem realizadas. Na falta disso, a gestão municipal acaba propondo atividades que ficam esvaziadas por não serem atrativas para o público-alvo. O presidente do Conselho também recorda que, na gestão do prefeito João Coser (PT), foi criado o Centro de Referência da Juventude (CRJ) na Ilha de Santa Maria, mas a estrutura foi fechada no mandato de Luciano Rezende (Cidadania), passando a se resumir a ações como palestras, oficinas e rodas de conversa itinerantes pelos bairros da Capital. Na atual gestão, informa, até mesmo as atividades itinerantes cessaram.

Também nesta terça, a prefeitura anunciou o retorno dessas ações até que a obra do CRJ fique pronta em julho de 2023. A preocupação do Conselho quanto a essa estrutura é a mesma da Casa da Juventude: a possibilidade de se tornar algo obsoleto em virtude da falta de diálogo. 

O governo do Estado inaugurou dois CRJs na cidade de Vitória, um na região da Grande São Pedro e outro no Território do Bem, com garantia de financiamento por parte do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) durante 18 meses. Após esse período, devem passar a ser custeados pelo poder público, assim como os demais CRJs inaugurados no Estado, que totalizam 14. Luiz Felipe afirma que em municípios com menor arrecadação, como São Mateus, Linhares e Aracruz, no norte, as prefeituras já se comprometeram a assumir o equipamento, mas em Vitória, que tem uma arrecadação maior, a gestão não se pronunciou ainda sobre o assunto. 
O representante do Movimento Negro Unificado (MNU) no Conselho, Wesley Lacerda, destaca que políticas para a juventude vão além da questão de trabalho, lazer e educação, por exemplo. Ele defende a transversalidade e um dos projetos que aponta como necessários é a reabertura dos restaurantes populares como forma de combate à insegurança alimentar e nutricional. Criados na gestão de João Coser, os restaurantes foram fechados na de Luciano Rezende e a atual nem dá sinais de uma possível reabertura. 
Wesley acredita que, para a gestão de Pazolini, política para a juventude está ligada ao armamento da Guarda Municipal com a alegação de que vai combater a violência e impedir que jovens entrem para o tráfico. Ele salienta ainda a exclusão dos jovens que fazem parte da comunidade LGBTQIA+, uma vez que a coordenação de Diversidade está nas mãos de uma mulher hétero e “nenhuma política pública, diálogo ou ação é realizada”. “Vitória tem pessoas LGBTQIA+ super capacitadas, mas não têm oportunidade. A prefeitura fica muito à mercê do que acontece na Câmara, onde há um discurso muito LGBTfóbico”, lamenta.

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