Waleska Timoteo, dirigente sindical, aponta como demanda urgente o reajuste salarial. Perdas já superam 30%
A Câmara de Vitória aprovou, nesta quarta-feira (27), o reajuste de 72,5% no tíquete alimentação para os servidores municipais, válido a partir do próximo mês de maio. O aumento foi anunciado nessa terça-feira (26) pelo prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), quatro dias antes do ato unificado em defesa do serviço público da Capital. Para a presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Vitória (Sindsmuvi), Waleska Timoteo, o aumento era necessário, mas não recupera o processo de perda de poder aquisitivo dos trabalhadores. “O discurso de valorização dos servidores é uma falácia”, critica.
O que os servidores reivindicam é o reajuste salarial, demanda antiga e mais urgente da categoria. “O servidor de Vitória está com um acúmulo de perda inflacionária superior a 30%. Nós temos uma gestão pública municipal autoritária, que não busca o diálogo, que não responde a um ofício do sindicato, que é midiática, que procura essas reuniões, como a que foi feita ontem [para anúncio do reajuste do tíquete], sem dialogar com as entidades que representam os trabalhadores”, denuncia.
Com o reajuste aprovado, o tíquete pago atualmente, de R$ 256 mensais para as cargas horárias de até 30 horas semanais e R$ 320 para a de 40 horas, subirá para R$ 440 e R$ 550, respectivamente. Waleska aponta que a prefeitura precisa avançar, já que os anseios dos trabalhadores ainda não foram atendidos.
“Temos um prefeito que, além de não fazer sequer a reposição inflacionária no salários dos servidores da Capital, também não bota em prática o Plano de Cargos e Salários que existe no município e não publica os editais para os servidores avançarem nas suas carreiras”, acrescenta.
Waleska lembra que os aposentados não foram incluídos no aumento do tíquete anunciado pela prefeitura. “Os aposentados foram os mais atingidos na reforma da Previdência de Vitória. O tíquete alimentação não leva para a aposentadoria. Ele pode ser confiscado a qualquer momento, por qualquer gestão. Não agrega, de fato, para os vencimentos dos trabalhadores. Pode ser adotado, inclusive, a qualquer momento, por qualquer gestão, como uma medida eleitoreira. Então nós defendemos sempre salário, crescimento real na carreira dos servidores”, reitera.
A presidente do sindicato explica que as perdas salariais são históricas, tendo sido acentuadas nas gestões de Luciano Rezende (Cidadania) e Pazolini. Waleska lembra que, no ano passado, uma legislação federal proibia o aumento na folha de pessoal, mas o reajuste foi autorizado a partir do dia 1º de janeiro de 2022. “E não houve essa sinalização por parte do Pazolini. O sindicato já protocolou pedido de mesa de negociação desde o ano passado e não teve ofício respondido. Este ano, já protocolamos de novo, e de novo sem resposta. Há uma negativa de diálogo por parte da gestão”, afirma.
Na sessão de terça-feira (26), a vereadora Camila Valadão (Psol) se antecipou ao anúncio oficial do tíquete, ressaltando a importância da medida, mas também questionou o reajuste salarial dos servidores do município de Vitória.
“É claro que o tíquete é importante, até porque o tíquete da cidade de Vitória é uma vergonha (…), mas o anúncio é extremamente tímido pras necessidades dos servidores públicos da nossa cidade. Estamos em um momento de pandemia (…). Os índices de inflação são altíssimos e nós já falamos disso em diversos momentos. Por isso, a nossa reivindicação é também o reajuste para os servidores públicos de Vitória. Até o momento, o prefeito Lorenzo Pazolini não fez este anúncio. É esse anúncio que nós queremos, do reajuste para os servidores”, cobrou.
Camila apresentou um levantamento dos últimos reajustes salariais feitos em municípios da Grande Vitória, chamando a atenção da prefeitura não só para os servidores, mas também para os aposentados, que lutam pela recomposição salarial, e conselheiros tutelares, que foram excluídos do último abono de R$ 1 mil concedido pela gestão de Pazolini.
“O município da Serra deu 10% de reajuste para os servidores e 50% no tíquete. Vila Velha 8% para o magistério, 6% para os demais servidores. Cariacica, que inclusive é uma das cidades mais pobres, se a gente considera o PIB dos municípios do Espírito Santo, deu 8% para o magistério e 6% para os demais servidores (…). A capital será um dos únicos municípios da Grande Vitória a não reajustar os salários dos servidores?”, voltou a cobrar.
Os conselheiros tutelares chegaram a enviar um ofício à Procuradoria Geral do Município, em janeiro deste ano, pedindo a inclusão na concessão do abono de R$ 1 mil aos demais servidores de Vitória. Na ocasião, a prefeitura alegou que a categoria não tinha direito ao benefício, por ocuparem um cargo considerado eletivo. “É um descaso conosco. A infância não é prioridade em um município que não reconhece o trabalho de pessoas que cumprem uma função tão importante”, disse, na ocasião, a conselheira tutelar Carolina Santos Prata.
Nesta quarta-feira (27), os vereadores também aprovaram o reajuste do tíquete alimentação dos servidores da Câmara, por meio do Projeto de Lei 60/2022, do vereador Davi Esmael (PSD). O benefício passa de R$ 768 para R$ 998. De acordo com informações da Casa de Leis, a diferença repõe os de perdas inflacionárias acumuladas desde 2017.