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‘O Espírito Santo é quem produz pessoas em situação de rua’

Pesquisa feita pela Prefeitura de Vitória aponta que 65% das pessoas nessa situação são do Estado

O estado de origem de 65% das pessoas em situação de rua em Vitória é o Espírito Santo, conforme dados da pesquisa População em Situação de Rua em Vitória – ES. Para a Pastoral da População em Situação de Rua da Arquidiocese de Vitória, esse dado desmistifica a ideia de que esse grupo é composto por migrantes. “O Espírito Santo é quem produz pessoas em situação de rua. Essa porcentagem é um soco no estômago dos gestores e da população”, ressalta o coordenador da pastoral, Júlio César Pagotto.

Em relação aos outros estados, a pesquisa aponta que 12% das pessoas que estão nas ruas da Capital são da Bahia, 12% de Minas Gerais, 7% do Rio de Janeiro, 3% de São Paulo e 1% de Pernambuco. A pesquisa foi feita pela Gerência de Política Social Especial de Média Complexidade e pela Gerência de Proteção Especial de Alta Complexidade, por meio da aplicação de um questionário com 100 perguntas para um grupo de 144 pessoas em situação de rua.

O estudo, feito em 2021 e divulgado na última sexta-feira (23), “subsidiará a gestão pública municipal para a tomada de decisões e o empenho qualificado de recursos que permita a elaboração de políticas, serviços, programas, projetos e benefícios que visam contribuir com erradicação da situação de rua”. “É uma iniciativa importante. A pesquisa reforça a necessidade de políticas públicas em Vitória”, afirma Júlio.
Um dos dados que chamaram atenção do agente de pastoral foi em relação ao tempo que os entrevistados estão na rua, pois 34% afirmaram estar entre um e cinco anos, seguidos de 27% acima de 10 anos. Em seguida, um grupo de 20% que está nas ruas entre cinco e dez anos. Por fim, 11%  há menos de seis meses e 8% entre seis meses e um ano. De acordo com Júlio, o longo período de permanência nas ruas mostra que as políticas efetivadas até o momento são insuficientes, não possibilitando que muitas pessoas não saiam dessa situação.

O coordenador da Pastoral aponta para a necessidade de políticas de moradia e aluguel social para que as pessoas não cheguem ao ponto de ir para a rua e para que quem já está nela possa sair. Ele afirma que a Prefeitura de Vitória tem, hoje, possibilidade de dar carta de crédito para cerca de 20 pessoas em situação de abrigamento para compra de imóvel. Entretanto, a carta é no valor de R$ 60 mil, portanto, não possibilita a aquisição de uma casa, a não ser com uma estrutura precária, carecendo de atualização no valor. 

Além de desmistificar a ideia de que a população em situação de rua de Vitória é oriunda de outros estados, para Júlio, a pesquisa também desmonta a ideia de que esse grupo é formado por “vagabundos”, pois mostra que 78% tem habilidade ou profissão, enquanto apenas 22% afirmam não ter.

Quanto à experiência profissional, 70% dizem ter e 30% não. “É possível realocar as pessoas no mercado, a maioria tem experiência, mas o fato de passarem muito tempo na rua para contribuir para a desatualização”, constata.

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