Membros da comissão realizaram uma inspeção no CDPFV no dia 16 de dezembro para averiguar a situação na unidade. No local, eles conversaram com a diretora do CDP e também com internas, que foram ouvidas de maneira sigilosa e escolhidas aleatoriamente.
A diretora alegou que uma das internas que morreu sofria de hipertensão e diabetes e passou mal, sendo atendida pela equipe médica da unidade, mas não houve tempo de reanimá-la.
No entanto, a versão dada pelas internas ouvidas coloca a direção da unidade em contradição. As internas contaram que a detenta, que tinha 50 anos, começou a passar mal dois dias antes da morte tendo, inclusive, solicitado atendimento que nunca aconteceu. Elas também relataram que isso acontece com frequência e que o atendimento médico só é feito em casos de extrema urgência.
Depois da morte da interna houve uma manifestação das outras presas e, enquanto a direção alega não ter havido excessos na contenção, as internas disseram que foi utilizado gás de pimenta.
Unip I
O adolescente morto na Unip I nesta terça-feira foi espancado por outros internos do mesmo alojamento. Jadson Alves Machado, de 18 anos, havia sido transferido na segunda-feira (23) da Unip II para a Unip I. Durante o dia foi realizado o procedimento técnico de acolhida, com avaliação e definição do alojamento para o qual o interno seria transferido.
O alojamento para onde ele foi levado já estava superlotado, o que facilitou com que ele fosse espancado pelos outros internos. Ele teve o maxilar deslocado e foi encontrado com um moletom enrolado no pescoço. Jadson entrou em um alojamento que já tinha outros sete internos, sendo que seis confessaram participação no espancamento.
A Unip I tem superlotação crônica, o que provoca constantes rebeliões, motins e tentativas de fuga. Atualmente, a unidade abriga 181 adolescentes em local adequado para 60 internos. A rebelião mais recente aconteceu em 26 de outubro, quando os internos destruíram dois dos quatro módulos da unidade.
No momento da rebelião, a unidade contava com 160 adolescentes, sendo que a unidade tem capacidade para 60 internos. A Diretoria de Operações Táticas (DOT) da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) foi acionada para controlar o motim.
Embora a Unip I seja destinada apenas a adolescentes em internação provisória, 80% dos internos estão em regime de internação e deveriam estar em outras unidades em cumprimento de medida socioeducativa.