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‘Pandemia deu visibilidade ao problema que já se agravava’, aponta padre Kelder

Banco de voluntários da Campanha Paz e Pão propõe enfrentar a fome. Live do padre Anderson Gomes (à dir.) reforça chamado

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A fome já vinha crescendo assustadoramente nas comunidades e periferias há dois anos, sem que a sociedade desse a devida atenção, até que a pandemia de Covid-19 começou e, então, deu maior visibilidade. A análise é do padre Kelder Brandão, Pároco da Paróquia Santa Teresa de Calcutá, em Itararé, Vitória. “A fome vinha numa crescente desde essa catástrofe política que o Brasil está vivendo”, lamenta o religioso.

Desde o acirramento da tragédia da fome, a Arquidiocese de Vitória iniciou a campanha permanente Paz e Pão e, em 2020, iria iniciar um banco de voluntários, mas a crise sanitária forçou o adiamento da iniciativa por um ano, até o seu lançamento nesta quinta-feira (8).

A Arquidiocese ressalta que a desigualdade registrou aumento persistente no segundo semestre de 2019, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), quando a parte mais rica da população brasileira teve quase 10% de aumento do seu poder de compra.

O grupo da extrema pobreza, por outro lado, que sobrevive com até R$ 145 mensais, vem crescendo gravemente desde 2015, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e, no final de 2019, já somava 13,5 milhões de pessoas. O aumento fez inverter a curva descendente da miséria que se mantinha nos anos anteriores.

“De 2014 para cá, 4,5 milhões de pessoas caíram para a extrema pobreza, passando a viver em condições miseráveis. O contingente é recorde em sete anos da série histórica do IBGE. Enquanto a renda da metade mais pobre da população caiu cerca de 18%, somente o 1% mais rico teve quase 10% de aumento no poder de compra”, destaca.

‘Tive Fome’

O nome, Tive Fome, faz referência a Mateus 25-35: “Porque tive fome e me deste de comer”, e tem objetivo de chamar atenção da sociedade para a necessidade de ser mais atuante no processo de assistência aos mais necessitados que, infelizmente, voltaram a crescer no Espírito Santo e no Brasil.

“Agora pudemos retomar esse projeto de forma mais consistente e duradoura”, celebra. O cadastro já está aberto no site da campanha, para todos que tiverem disponibilidade de se comprometer com a doação mensal de R$ 100 durante um ano. Ao final desse período, será avaliada a possibilidade de dar continuidade à campanha.

Neste domingo (11), às 17h o padre Anderson Gomes também reforça a campanha, por meio da Live solidária & musical “Entre Muros Existe uma Causa”, fruto da união das empresas Canal, Galwan, Lorenge e Carone, em prol de arrecadação de verba para compras de cestas básicas para as mais de 7 mil famílias cadastradas na Arquidiocese de Vitória. As doações já podem ser feitas pelo picpay (@pazepao) ou diretamente na conta da Arquidiocese de Vitória.

Enfrentamento à fome e Inclusão social

A campanha procura atuar em três eixos: ações imediatas de enfrentamento à fome e de inclusão social; incidência política para implementação de políticas públicas de maior alcance social; e formação e espiritualidade.

A Arquidiocese de Vitória abrange seis Áreas Pastorais (que alcançam 15 municípios), 90 Paróquias e 1.022 Comunidades, além de várias pastorais, grupos de voluntários e comissões. Tem, portanto, capilaridade e proximidade das comunidades e dos seus fiéis, chegando aos mais diferentes territórios, sobretudo nas áreas de maior vulnerabilidade.

O projeto coaduna com a Campanha da Fraternidade 2020 (CF 2020), que tem como tema “Fraternidade e vida: dom e compromisso” e, como lema, “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34).

A campanha, ressalta a Arquidiocese, pretende ser permanente, “pois a transformação dessa realidade é uma meta a ser alcançada a longo prazo, que não se limita apenas à coleta e distribuição de alimentos, mas que promova a inclusão social”.

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