A impossibilidade de promover aglomerações devido à pandemia do coronavírus não será impedimento para a realização da 21ª edição da Marcha pela Vida e Cidadania, que será marcada este ano por palestras virtuais, com o tema “Por terra, teto e trabalho: a esperança está na luta!”.
Realizada todo dia 1º de maio, em Cariacica, em alusão ao Dia do Trabalhador, a manifestação é organizada pela Pastoral Operária da Arquidiocese de Vitória, juntamente com outras pastorais, movimentos sociais, sindicatos e o Centro de Estudos Bíblicos do Espírito Santo (Cebi/ES).
Para realização da atividade virtual, os organizadores convidaram quatro palestrantes, que ficarão em um estúdio com as medidas de prevenção necessária. As palestras serão transmitidas ao vivo pela página da Marcha no Facebook, das 9h às 11h30.
Segundo a integrante da Pastoral Operária, Marina de Oliveira, todas as temáticas giram em torno do mundo do trabalho. As questões serão tratadas pelo deputado federal Helder Salomão (PT), que fará um panorama dos direitos sociais na atual conjuntura; pela deputada estadual Iriny Lopes (PT), que falará sobre direitos humanos, meio ambiente e a relação com o mundo do trabalho; pelo procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) João Hilário Valentim, que abordará o tema direitos trabalhistas; e pela professora visitante da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Roberta Traspadini, responsável pela abordagem do tema “terra, teto e trabalho”.
Representante da Federação das Associações de Moradores de Cariacica (Famoc) na organização da Marcha, Dauri Correa da Silva recorda que todo ano a manifestação vai às ruas no dia primeiro de maio com quatro alas temáticas: meio ambiente, direitos sociais, direitos trabalhistas e direitos humanos. As temáticas deste ano, como aponta, foram distribuídas entre os palestrantes de forma a contemplar as reivindicações tradicionalmente contidas em cada ala.
Dauri afirma que diante da impossibilidade de reuniões presenciais para organização da marcha, foram feitos encontros virtuais, o que considerou um grande desafio. O representante da Famoc destaca que uma das dificuldades encontradas foi o fato de que algumas pessoas que participam da organização não têm familiaridade com as novas tecnologias, o que impossibilitou a participação de todos nas reuniões virtuais.
As atividades decorrentes da pandemia do coronavírus, realizadas por sindicatos e movimentos sociais, também foram um fator dificultador para as reuniões, uma vez que a demanda dos movimentos populares aumentou, impossibilitando ou reduzindo a participação até mesmo virtualmente.
A Marcha pela Vida e Cidadania reuniria, pela primeira vez, o grupo liderado pela Pastoral Operária e as centrais sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que mobilizaria as outras centrais para a atividade. Segundo a presidente da CUT, Clemilde Cortes, essa unidade foi possibilitada, entre outros fatores, pela criação do Vicariato para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória, uma vez que movimentos sociais e sindicatos, por meio do Vicariato, têm feito ações conjuntas.
O grupo de Cariacica sairia da Associação de Moradores de Itacibá na manhã do dia primeiro de maio rumo à quadra da escola de samba Unidos de Boa Vista, em Itaquari. Os manifestantes articulados pela CUT sairiam da região do Centro de Vitória para se encontrar com o outro grupo na quadra. Mas, independentemente de este ano a Marcha ser virtual, essa unidade popular, segundo Dauri, foi concretizada.