Os familiares de vítimas da violência vão realizar uma passeata neste domingo (10), quando se celebra o Dia dos Pais, na orla da Praia da Costa, em Vila Velha, cobrando julgamento de crimes violentos. Familiares de todo o Estado devem ir à manifestação, marcada para acontecer das 9 horas ao meio-dia.
De acordo com a coordenadora do Movimento Justiça Brasil, que organiza a manifestação, Sandra Cassaro, Vila Velha foi escolhida para a passeata por conta do julgamento do assassinato do estudante Leonardo Zanotti, previsto para acontecer em setembro deste ano. Leonardo foi morto em 2008, na casa do acusado, um colega que manuseava a arma do pai, um policial civil. A delegada que presidiu o inquérito, Maria de Fátima Oliveira, concluiu que o colega atirou em Leonardo, que morreu na hora.
Sandra acrescenta que também devem participar do ato familiares de Cláudia Soneguete, morta na casa dela, na Ilha do Frade, em Vitória, em 2003. O atual prefeito de Conceição da Barra, no norte do Estado, Jorge Donati (PSDB), foi indiciado pelo mando no crime, que ficou conhecido como Crime da Ilha, mas até hoje não foi julgado.
O crime, que aconteceu há 11 anos, chocou a população. Os acusados de serem os executores de Cláudia e Mauriceia, os irmãos Cristiano e Renato dos Santos Rodrigues, foram a júri popular em 2012. Cristiano foi condenado a 41 anos de prisão e Renato a dois anos e 11 meses de pena em regime aberto.
Cláudia Soneghetti tinha 28 anos e foi morta juntamente com a sua empregada, Mauricéia Rodrigues, de 20 anos. As duas foram assassinadas por asfixia e tiveram os corpos parcialmente carbonizados. Na época, Donati atuava somente como empresário da Destilaria de Álcool Itaúnas S/A (Disa). O jardineiro da casa, Cristiano dos Santos Rodrigues, e seu irmão Renato, acusaram Donati de tê-los contratado para matar a mulher, recebendo como pagamento as joias da vítima
Familiares do sindicalista Edson José dos Santos Barcellos, executado em Conceição da Barra (norte do Estado), em 2010, também devem comparecer à passeata. O mando na morte do sindicalista também foi atribuído em inquérito ao prefeito de Conceição da Barra.
Edson Barcellos era servidor concursado da administração municipal. Ele vinha denunciando desvios de verbas que Donati teria praticado como chefe do Executivo municipal e iria prestar depoimento em Vitória sobre as denúncias de compra de votos durante a campanha do atual prefeito à eleição, em 2008, mas foi assassinado antes.
O caso teve tanta repercussão no município, que teria havido até mesmo pressão em cima do bispo de São Mateus para que o padre da paróquia de Conceição da Barra, Moacir Pinto, fosse afastado. Ele dissera na missa de corpo presente do sindicalista que nem ele nem a população do município poderiam descansar enquanto não fosse solucionado o crime.