Carlos Wilson Lugon renuncia à presidência do Conselho de Assistência Social e denuncia descaso do prefeito de Vitória
Passados dois anos da gestão do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), o Conselho Municipal de Assistência Social de Vitória (Comasv) ainda não conseguiu abertura de diálogo com a administração, embora tenha tentado insistentemente, conforme alerta Carlos Wilson Lugon, que renunciou ao cargo de presidente do colegiado nesta quarta-feira (1). A motivação, afirma, está no fato de “não ver horizonte no Conselho”. “Ele nunca dialogou e nos enrolou de forma desrespeitosa”, lamenta.
Carlos representava a sociedade civil no Comasv. De acordo com ele, na atual gestão, boa parte dos equipamentos públicos estão sucateados. Um exemplo disso são os Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), que em Vitória são 12. “Estão deteriorados, visitei todos. Não existe plano sistemático de manutenção. A exceção é o CEU [Centro de Artes e Esportes Unificados], em São Pedro. Eu disse para a secretária [Cintya Silva Schulz, de Assistência Social], o estruturado é o CEU, o resto é uma espécie de inferno”, denuncia.
Alguns dos problemas destacados por Lugon nesses equipamentos são a falta de acessibilidade e a estrutura física ser “um caos” e a de recursos humanos “subdimensionada”.
O ex-presidente do Conselho afirma que, além de inúmeros ofícios sem resposta, uma das tentativas feitas por ele, também sem sucesso, foi abordar o prefeito em eventos públicos para buscar uma abertura de diálogo com a gestão. Em uma ocasião, conta, chegou a dizer ao gestor que o denunciaria ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES), ouvindo dele que se prontificaria a arranjar um carro para que fosse fazer a denúncia.
Em novembro último, o Comasv enviou um ofício até hoje sem resposta, com diversas pautas. Entre as demandas, assegurar para a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) orçamento igual ou superior ao de 2022; realização de concurso público para garantia da continuidade da política de assistência social, cujos serviços, cerca de 70%, são executados por meio de parcerias; assegurar condições para funcionamento dos serviços, como espaços físicos próprios e com acessibilidade, mobiliário e equipamentos, internet; e cumprimento do Protocolo de Atendimento às Pessoas em Situação de Rua da Região Metropolitana.
Diante das cobranças, a prefeitura destinou um servidor efetivo para tratar da questão das emendas. As entidades, que haviam feito plano de trabalho para receber os recursos sem nenhuma orientação técnica, tiveram que refazer em seis dias, no início de janeiro.
Para ele, a situação traz prejuízos para a população de Vitória. “O Centro de Acolhida Monsenhor Alonso, por exemplo, trata de idosos em situação de rua. O trabalho feito é maravilhoso, mas para funcionar com técnico de enfermagem, cuidador diurno, noturno, toda uma estrutura, gera um custo”, pontua.
As instituições cujos recursos das emendas estão pendentes são Fundação Beneficente da Praia do Canto, o Instituto Luis Braille do Espírito Santo, o Centro de Acolhida Monsenhor Alonso, o Asilo dos Idosos de Vitória, e as associações Vitória Down, de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e dos Amigos dos Autistas do Espírito Santo (Amaes).