Mulheres do Hip Hop capixaba se organizam por meio da Nação Mulher ES. Juntas, elas têm buscado dar mais visibilidade às integrantes do movimento, fazer campanhas com foco na inclusão da mulher e no combate ao feminicídio, além de levantar a bandeira da comunidade LGBTQIA+. “O Hip Hop vem do ativismo, contra o racismo, pela igualdade social, mas percebemos, dentro desse contexto, a necessidade do recorte de gênero”, ressalta a coordenadora do grupo, Mery Silva.
A Nação Mulher ES integra a Frente Nacional de Mulheres do Hip Hop (FNMH2). “No Hip Hop, as mulheres estão se organizando nacionalmente”, diz Mery. Uma das atividades já realizadas no Espírito Santo é a doação de bioabsorventes e fraldas ecológicas para mulheres em vulnerabilidade social cadastradas pelo grupo. “Hoje atendemos a cerca de 50, que ao receberem as fraldas, acabam podendo destinar o dinheiro que seria para adquirir esse item para a compra de alimentos”, exemplifica Mery.
A mais recente iniciativa das integrantes do movimento Hip Hop em nível nacional é a Campanha das Mulheres do Hip Hop Pelo Fim do Feminicídio, que será lançada também o Espírito Santo, neste domingo (24).
Mery explica que a campanha será permanente. Por meio dela, as pessoas poderão fazer doações em dinheiro para sanar necessidades imediatas de mulheres em situação de vulnerabilidade social. “Muitas vezes somos procuradas por mulheres que não têm alimento, algumas saíram de casa, onde o marido era provedor, ou que não têm gás. Recentemente, conseguimos doação de gás para uma pessoa, depois tivemos que correr atrás para custear o transporte. São essas ações que queremos financiar por meio da campanha, em que a pessoa doa aquilo que puder e ganha bottons e adesivos da campanha”, afirma. As informações sobe como fazer as doações podem ser obtidas pelo
Instagram.
Mery relata que, em alguns casos, como os de mulheres que dependem financeiramente de maridos que as agridem, o grupo tenta, na medida do possível, encaminhar para uma oportunidade de trabalho.
No Espírito Santo, a campanha será lançada no evento Somos Todas Tereza, em referência a Tereza de Benguela, liderança quilombola do Mato Grosso. “Tereza foi uma mulher resistente, que nos inspira. Na periferia, nós mulheres somos resistentes às dificuldades, pilares dentro de casa, lideranças em nossas comunidades”, destaca.
O lançamento será em um evento “cultural, esportivo e social”, na praça do bairro Barramares, em Vila Velha, na Grande Vitória. O grupo, que tem representação no Conselho Municipal da Mulher de Vila Velha, escolheu Barramares, por achar que é preciso sair dos espaços governamentais, do Centro, e dialogar mais com a periferia.
A programação do Somos Todas Tereza começa às 8h, com o café da manhã. Das 9h às 10h, acontece uma palestra cujo tema é o nome do evento, a ser ministrada por Seiva Yoga. Em seguida, começa a apresentação de karatê com Mikaelli Santos. Das 11h30 ao meio dia, oficinas e trança, turbante e de roda de capoeira.
A programação retorna às 14h com duas atividades simultâneas: torneio de futebol feminino e rolê de skate. A partir das 16h, tem apresentação de Slam. Às 18h, apresentação do documentário Projeto de Mundo, cuja temática é a mulher negra. Cada grupo de mulheres terá espaço de fala, a partir das 19h, para falar sobre a campanha. A programação se encerra com duas atrações musicais: Medusa, às 20h, que irá cantar pop rock; e Banda e Congo Madalena do Jucu, às 21h.
Os parceiros são a Rede Urbana Capixaba de Agroecologia (Ruca), Umanas, Cine por Elas, Seiva Yoga, Islam Flora, Islam Quimera, Coletivo RS de Skate, Centro de Referência das Juventudes (CRJ) de Terra Vermelha, Fada dos Cachos, Karatê Kyokucshin e Prefeitura Municipal de Vila Velha (PMVV).
