Paralisação acontece nesta quarta-feira, no Edifício Vitória e na UTGC de Linhares

Petroleiros de todo o Brasil cruzarão os braços nesta quarta-feira (26), em uma greve nacional de 24 horas. A paralisação, articulada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e pela Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), tem como objetivo denunciar o que os sindicatos classificam como “um crescente movimento autoritário da atual gestão da Petrobras, liderada por Magda Chambriard”. Entre as principais pautas da greve, estão o corte de 31% na Participação nos Lucros e Resultados (PLR), mudanças unilaterais no regime de teletrabalho, e a falta de respeito aos fóruns de negociação coletiva.
A paralisação de 24 horas acontecerá em diversas unidades da Petrobras, incluindo plataformas de produção de petróleo e gás, refinarias e terminais. “As plataformas não vão emitir permissões de trabalho. Ou seja, os serviços diários não vão ocorrer, apenas os emergenciais”, explicou Hoffman. Em Vitória, a mobilização ocorrerá no prédio principal da estatal, o Edifício Vitória (Edivit). A paralisação também afetará a Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas (UTGC), em Linhares, no norte capixaba, onde a rendição dos trabalhadores será suspensa.
O estopim da mobilização foi a decisão da diretoria da Petrobras de reduzir em 31% a PLR dos trabalhadores, desconsiderando um acordo que havia sido estabelecido em dezembro do ano passado. Segundo a FUP, a empresa alegou uma queda nos resultados financeiros no último trimestre, justificando a redução do pagamento aos empregados. No entanto, os sindicatos contestam essa versão, destacando que a estatal distribuiu 207% do lucro aos acionistas privados, um percentual recorde na história da companhia.
Para Valnísio Hoffman, coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES), a medida representa um desrespeito com a categoria. “Defendemos que a diretoria da Petrobras volte a se conectar aos trabalhadores. A nossa impressão é que a diretoria se desconectou completamente da categoria e não respeita os processos de negociação coletiva”, afirmou.
A insatisfação também se estende ao novo modelo de teletrabalho imposto pela companhia. Hoffman critica a falta de flexibilização da empresa em relação a casos específicos. “Tem trabalhadores que precisam vir de Sergipe para trabalhar aqui no Espírito Santo apenas para participar de uma reunião online com um gerente que está no Rio de Janeiro. Isso não faz o menor sentido. A nossa maior revolta é que não houve negociação dessas excepcionalidades”, denunciou.
Outro problema denunciado pelo sindicato no Espírito Santo é a precarização da alimentação oferecida nas plataformas. De acordo com Hoffman, a qualidade das refeições é motivo de constantes reclamações. “Os alimentos são horríveis. Tem pão amassado, fruta estragada e até carne de qualidade duvidosa, apelidada de ‘carne monstra’ pelos trabalhadores. Isso tudo em uma empresa que distribuiu mais de R$ 200 bilhões em dividendos. Como é possível uma contradição dessas?”, questionou.
A reestruturação do Plano de Cargos, Carreira e Salário também é uma demanda central da categoria. Os trabalhadores reivindicam negociações imediatas para a implementação de um plano único e integrado em todo o Sistema Petrobras, corrigindo as distorções geradas pela coexistência de dois planos distintos. Além disso, exigem o fim dos PEDs do Plano Petros, ressaltando a importância de uma solução definitiva construída em conjunto com a categoria, garantindo justiça e resgatando a dignidade daqueles que dedicaram suas vidas à empresa.
A greve ocorre em um contexto que os sindicatos consideram uma reconstrução da estatal após os ataques e desmonte sofridos durante o governo Bolsonaro. Para a FUP, a atual gestão deveria adotar um caminho oposto ao do autoritarismo e se reaproximar dos trabalhadores, que sempre estiveram na linha de frente da defesa da empresa. A FUP e a FNP já indicaram que, caso não haja avanços nas negociações, o movimento grevista pode ser ampliado para um período maior. Enquanto isso, os trabalhadores seguem mobilizados e alertam que novas greves poderão ser convocadas se a estatal não retomar uma gestão mais participativa e democrática.