Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese repudia medida e aponta tentativa de jogar a população contra esses grupos
Circula em grupos de WhatsApp destinados a moradores de Jardim da Penha, em Vitória, fotos de policiais militares recolhendo pertences da população em situação de rua em alguns pontos do bairro. As imagens vêm acompanhadas de uma mensagem de que a ação foi feita em um “trabalho integrado com a Prefeitura de Vitória” e que foi recolhido “material abandonado”. A Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de Vitória nega e repudia a medida, além de classificá-la como uma tentativa de jogar a comunidade contra essas pessoas e a própria pastoral.
Na mensagem consta, ainda, que é “importante um movimento pela comunidade de não fornecer esse tipo de material”. A agente de pastoral Izabel Cristina Almeida de Souza aponta que como toda terça-feira são realizadas doações de itens como cobertor, roupas e colchões, e comida, a informação trata-se de uma forma de incutir nos moradores que as pessoas em situação de rua estão descartando os utensílios doados, jogando a comunidade contra elas e a ação da igreja.
Contudo, informa Izabel, nessa terça-feira (18), ao receber as doações semanais, pessoas em situação de rua relataram que naquele mesmo dia a PM e profissionais da prefeitura tinham recolhido pertences, ao contrário do alegado, em utilização. Alguns, relata, procuravam roupas no lixo porque estavam somente com a do corpo. “Isso em plena chuva, em pleno inverno! O poder público, em vez de fazer o trabalho de tirar as pessoas da rua e dar moradia, atrapalha o pouco que a gente consegue fazer. Eles são cidadãos, têm direito de ter seus utensílios, suas roupas, seus objetos, como qualquer um de nós. Isso precisa ser respeitado”, protesta Izabel.
O Vicariato para Ação Social, Política e Ecumênica divulgou nota de repúdio em que classifica a ação como “truculenta e desumana”. “Esse é um tipo de abordagem recorrente e demonstra um entendimento totalmente distorcido de políticas públicas voltadas para o cuidado dos mais necessitados e, acima de tudo, uma enorme desumanidade”, pontua.