Após protesto, foram feitos os pagamentos do salário, vale-alimentação e rescisão

Os trabalhadores que prestam serviço para a Seacrest por meio da empresa Sudamin voltaram ao trabalho nesta terça-feira (10). O retorno se deu após o pagamento do salário e vale-alimentação de 60 empregados, referentes a novembro, e da rescisão de outros 30. Ficou pendente somente o 13º, que a Sudamin se comprometeu a pagar até o dia 20, independente da Seacrest repassar ou não o recurso. Além disso, foi assinado nessa segunda-feira (9) o Acordo Coletivo, estabelecendo um aumento salarial de 12%.
Os trabalhadores estavam com as atividades paralisadas desde o dia 3. A Sudamin se comprometeu a fazer os pagamentos na última quinta-feira (5), mas não cumpriu. No dia seguinte, os funcionários impediram o acesso de pessoas e veículos à Fazenda Alegre (FAL), uma estação de tratamento de óleo que fica em Jaguaré, no norte do Espírito Santo. O montador de andaime Jeferson Santos Silva informa que, nesse mesmo dia, a Sudamin tentou fazer os pagamentos, mas houve um problema técnico e os valores estornaram.
“Tivemos conquistas. Fizemos uma mobilização organizada e conseguimos alcançar aquilo que estávamos buscando”, diz Jeferson, que afirma que os trabalhadores não descartam a possiblidade de fazer novas manifestações caso o pagamento do 13º salário não seja feito no dia previsto e temem novos atrasos diante dos problemas financeiros da Seacrest. Os atrasos, segundo a Sudamin, são porque a Seacrest argumenta que está em dificuldades financeiras, e, inclusive, vendeu 25% dos ativos que comprou da Petrobras. Diante dessa situação, não tem pago a Sudamin e outras empresas prestadoras de serviço.
A Seacrest comprou ativos da Petrobras no Polo Norte Capixaba em janeiro de 2022. A negociação abrangeu os cinco maiores campos de petróleo em terra do Estado, cuja assinatura do contrato de venda ocorreu em fevereiro de 2022. Os campos estão distribuídos entre os municípios de São Mateus, Jaguaré e Linhares.
Impacto ambiental
O Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro/ES) se posicionou contra a venda dos ativos da Petrobras para a Seacrest. Um dos argumentos eram os impactos ambientais que isso poderia trazer. O coordenador-geral do sindicato, Valnísio Hoffmann, declarou na ocasião que a Seacreast tem um histórico de “pequenos incidentes”, como derramamento de petróleo em campos terrestres e rompimento de dutos. De acordo com Hoffmann, havia, ainda, relatos de precarização das condições de trabalho, como jornada extensa e falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
Em outubro último, o poço de Inhambu, pertencente á empresa e situado em São Mateus, no norte, sofreu blowout, ou seja, um vazamento descontrolado. O sindicato apontou que a causa pode ter sido problemas no manuseio. A entidade soube do problema ao receber vídeos de moradores da região e contatou a empresa para obter informações oficiais, mas a Seacrest se limitou a dizer que estava enviando uma equipe ao local.
A Seacrest está envolvida em outros acidentes ambientais. Em março de 2023, foi responsável pelo vazamento de aproximadamente 1,1 mil litros de petróleo, em Linhares, norte do Estado, no Polo Cricaré. Contudo, não foi multada pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).
“O derramamento de óleo ocorreu no município de Linhares, num poço de pequena produção de petróleo, com média de dois barris por dia, o que equivale a 300 litros. Com uma produção tão pequena, o poço deve estar há alguns dias em vazamento, o que promove um alerta ainda maior, visto que não há um mínimo de ações de prevenção e de cuidado por parte da empresa”, declarou na ocasião a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a partir de denúncia do Sindipetro.