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‘Programas de benefício não incluem guias de turismo’

Documento com reivindicações da categoria, impossibilitada de trabalhar na pandemia, foi entregue durante protesto nesta segunda

Dez de maio, Dia do Guia de Turismo. No Espírito Santo, a data foi marcada por uma manifestação da categoria, que se concentrou pela manhã na Praça dos Namorados, em Vitória, de onde saiu de ônibus de turismo para a Assembleia Legislativa, Secretaria de Estado de Turismo (Setur) e Palácio Anchieta. Nesses três lugares, a categoria protocolou uma carta com reivindicações. “Os programas de benefício não têm nos contemplado”, ressaltam.

Foto: Divulgação

A carta foi escrita pelo Coletivo de Guias de Turismo do Estado, “organização horizontal e sem filiação partidária ou religiosa”, com o objetivo de mobilização em prol de políticas públicas para a categoria. O grupo destaca que o turismo foi o setor mais impactado pela crise sanitária “devido a sua dependência única e exclusiva da função migratória de pessoas, que se deslocam de seus domicílios para desfrutarem de momentos de lazer ou mesmo ações de trabalho fora de seus estados”.

Uma das reivindicações é a criação de um auxílio emergencial para os trabalhadores. “Muitos profissionais estão sobrevivendo com doações de familiares e de amigos”, afirmam no documento, destacando que, antes mesmo da pandemia da Covid-19, não tinham o devido reconhecimento por parte do poder público. “Como somos profissionais autônomos em maioria, o que já era deficiente tornou-se sinônimo de carência, e atingiu diretamente a fonte de renda que nos nutria”, desabafam.

Os trabalhadores também reivindicam a criação de linha de empréstimo específico para auxiliar os guias de turismo. “As linhas de financiamentos abertas não nos servem, pois não há nenhuma fonte de renda de onde possamos retirar proventos para fazer a manutenção do compromisso”, destacam, referindo-se ao empréstimo concedido pela gestão de Renato Casagrande com carência de seis meses. Outra reivindicação é a criação de uma lei estadual que regulamente a atividade turística.

O guia de turismo e turismólogo Rogério Agripino explica que, com a criação da lei, será possível inibir a atuação de “guias piratas”, que não têm formação na área ou têm mas não possuem registro no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), do Ministério do Turismo. Outra vantagem, segundo ele, seria garantir, em todas atividades turísticas, a atuação de guias. Rogério afirma, ainda, que a criação de leis municipais aperfeiçoaria a atividade desses trabalhadores, com iniciativas como formação com foco na realidade local.

A realização de uma campanha estadual de valorização do profissional pela Secretaria de Comunicação do Estado (Secom), além de um projeto de incentivo ao turismo após a pandemia da Covid-19, também constam entre as reivindicações. “Não será possível, de imediato, receber pessoas de outros estados e países. Por isso, é preciso estimular o turismo dentro do próprio Estado. “Isso beneficia não somente os guias, mas também o dono da pousada, o artesão, o cara que fabrica queijo”, enumera Rogério.

Segundo os guias, foram promovidas durante a pandemia ações que possibilitaram aos empresários do turismo a manutenção de seus negócios, como benefícios fiscais, leis de redução de salário e carga horária de seus empregados, ou até mesmo linhas de financiamentos com juros, prazos e carências diferentes dos trabalhados regularmente. “Uma categoria, porém, viu-se à margem de todas estas ações, e foi esquecida pelos gestores federais, estaduais e municipais, o guia de turismo”, criticam.

Reunião na Setur

Antes mesmo da manifestação desta segunda, os guias se reuniram com a secretária estadual de Turismo, Lenise Loureiro, nessa sexta-feira (7), para apresentar as demandas e abrir um diálogo para construção de novos projetos. Hoje, no Espírito Santo, são mais de 500 cadastrados na Cadastur. Durante o encontro, o presidente da Associação Brasileira de Turismólogos e Profissionais do Turismo (ABBTUR/ES), Leonardo Lares, afirmou ser preciso um olhar especial para os guias.

“Os guias são a mola propulsora da economia do turismo. São eles que estão juntos com o turista, orientando sobre a história e cultura do local, e também recomendando meios de hospedagem, restaurantes e todos demais serviços que complementam as viagens”, disse.

Também participou do diálogo o presidente do Sindicato dos Guias de Turismo do Espírito Santo (Sindegtures), Jorge Albuquerque, e trabalhadores que compõem o Coletivo de Guias de Turismo do Estado.


“Precisamos ser reconhecidos e valorizados. Os guias desempenham um papel muito importante dentro do setor. São os guias que fazem a recepção, o acompanhamento e mostram nossas riquezas e história”, destacou o guia Marcelo Ribeiro.

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