“Emprega Nós” é voltado a vítimas de violência, egressos do sistema prisional e juventude periférica em Vitória
Há um ano, o projeto “Emprega Nós” atua para facilitar a inserção no mercado de trabalho de moradores de Vitória em situação de vulnerabilidade social, principalmente mulheres vítimas de violência doméstica, egressos do sistema prisional, juventude negra das periferias e aqueles que passam por dificuldades socioeconômicas em geral.
A iniciativa é do Instituto Conexão Perifa (ICP), organização filantrópica sediada no Território do Bem, em parceria com as organizações Se Conecta Juventudes, Conectando Mulheres e Coletivo Beco, que se mobiliza agora para ampliar o alcance o projeto. No ano passado, 30 pessoas conseguiram emprego, este ano, somente no mês de janeiro, 28 pessoas alcançaram uma vaga de trabalho formal com o auxílio do “Emprega Nós”.
O projeto realiza uma mediação entre empresas parceiras e à procura de mão de obra e o público-alvo das ações. Para chegar até as pessoas, são realizados mutirões comunitários, a partir da mobilização das organizações parceiras. Interessados também podem deixar seus currículos na sede no ICP (rua Vitor Finamori, 41, São Benedito – segunda a sexta, 12h às 17h), ou entrar em contato com a organização por meio de suas páginas nas redes sociais.
O principal local de atuação do projeto é o Território do Bem, onde vivem aproximadamente 31 mil habitantes, compreendendo os bairros São Benedito, Bairro da Penha, Itararé, Bonfim, Consolação, Gurigica, Jaburu, Floresta e Engenharia. Também há trabalhos em Jesus de Nazareth, Andorinhas e São Pedro, através de instituições parceiras.
“É um projeto itinerante, em que a gente vai até as comunidades e realiza entrevistas com as pessoas. As empresas também podem solicitar currículos diretamente para o ICP e a gente repassa”, explica Crislayne Zeferina, moradora do Bairro da Penha e fundadora do projeto.
Para Crislayne, o projeto fornece aos jovens uma oportunidade de amadurecimento. “É importante destacar que a inserção da juventude é benéfica para as próprias organizações, pois o jovem possui uma condição propícia a novas aprendizagens, contribuindo para o desenvolvimento de inúmeros trabalhos. Destaca-se, ainda, sua força de vontade e flexibilidade para se adaptar às mudanças”, comenta.
No caso das mulheres, o grande desafio é a falta de equiparação salarial. “A mulher ainda precisa enfrentar várias dificuldades no mercado de trabalho e na sociedade em geral. Uma das barreiras é a existência de salários inferiores aos dos homens em iguais ocupações de trabalho”, relata.
Já para os egressos do sistema prisional ou socioeducativo, o desafio maior é vencer o preconceito. “A sociedade precisa entender que oferecer trabalho ao preso ou ao ex-detento requer mudanças de paradigmas. Isso inclui não oferecer ao egresso apenas a execução de tarefas que ninguém quer fazer, sem possibilidade de escolha e novas aprendizagens. Também não se deve obrigá-lo a trabalhar sem a devida remuneração, pois essas motivações não corroboram a ideia ressocializadora”, ressalta.
Segundo Crislayne, com a crise humanitária representada pela pandemia de Covid-19, tornou-se imperativo investir em políticas de empregabilidade. Por isso, a ideia é expandir o “Emprega Nós”, a partir de novas parcerias.
“A ideia é interagir com os movimentos sociais, o Ministério Público e secretarias estaduais para ampliar o projeto, para que venha a se tornar um pacto de empregabilidade, convidando diversas empresas para assinar a parceria e se comprometer com quem mais precisa”, afirma.