Unir atividades de formação políticas com oficinas para geração de renda é a estratégia do projeto Periferia Sobrevive, que busca fortalecer as condições de vida para mulheres jovens e negras dos territórios periféricos da Grande Vitória. A iniciativa criada pelo Fórum Estadual da Juventude Negra do Espírito Santo (Fejunes) com apoio da Fundação Luterana de Diaconia (FLD) e entidades locais.
A primeira etapa acontece em Vila Velha e logo o projeto irá para bairros da Serra, Cariacica e Vitória. O início será com cinco dias de atividades no Instituto GGl5 de Desenvolvimento Comunitário em Terra Vermelha nos próximos dias 16, 18, 23, 25 e 30 de julho, sempre às 14h. Serão feitas oficinas de artesanato, penteado afro e turbante, sempre junto com uma “gira”, como o Fejunes tem chamado as rodas de conversa, retomando o nome ancestral ligado às crenças de origem africana. Nas giras, temas como Relacionamento e Direitos das Mulheres; A Periferia e Seus Direitos Sociais; Justiça de Gênero na Quebrada; Gestão Democrática na Periferia; e Mulheres na Periferia. As inscrições são feitas pela internet e pede-se que seja levado 1 kg de alimento não-perecível
Segundo Crislayne Zeferina, presidente do Fejunes, entidade que está atuando em nove municípios do estado, a intenção do Periferia Sobrevive é trabalhar a questão financeira das jovens, a “gestão da sobrevivência”, já que muitas vezes faltam oportunidades. O artesanato, o penteado afro, o turbante, entre outros, além de servirem como possível fonte de recurso, também reafirmam a identidade e auto-estima da mulher negra. “Chegar nas comunidades periféricas apenas com debates talvez não interesse tanto quanto chegar com oficinas que ajudem a gerar renda. Partimos do mapeamento de 'territórios do crime' feito por um jornal para lançar a ideia de 'territórios de direitos', para conseguir que diminua o extermínio da juventude negra”, afirma.
Com a formação para as jovens negras, o Periferia Sobrevive pretende promover o desenvolvimento de relações de consumo mais seguras, inclusivas e sustentáveis “tanto para estas mulheres, jovens negras, como para os consumidores. Trabalhando a identidade dessas jovens e a autoafirmação de quem ‘eu sou‘, incentivando a prática do artesanato com rodas de conversas, troca de experiência, lazer, integração e auto-valorização”, diz a descrição divulgada pelo projeto.