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Quarenta famílias ocupam área do governo do Estado em São José do Calçado

Marco Antonio Carolino, do MST, afirma que o movimento irá pleitear a área para o Incra e a gestão estadual

Quarenta famílias organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam uma área de 121 hectares pertencente ao Governo do Estado, em São José do Calçado, na região do Caparaó. A ocupação teve início nessa segunda-feira (12). As famílias cobram que a propriedade seja destinada pela gestão estadual para criação de um assentamento, já que o programa Terra da Gente, do Governo Federal, lançado em abril último, tem como uma de suas propostas a destinação de áreas públicas para esse fim quando não estiverem cumprindo sua função social.

O MST já havia ocupado a área em 2001, mas como foi cedida para o Centro de Ciências Agrárias e Engenharias da Universidade Federal do Espírito Santo (Caufes), as famílias saíram do local. Hoje a propriedade não mais é utilizada para atividades de ensino, pesquisa e extensão da instituição de ensino, que a devolveu para o Governo do Estado.

As famílias somam mais de 80 pessoas que, antes, estavam acampadas em uma pequena área do assentamento Florestan Fernandes, também em São José do Calçado. 

O integrante da coordenação estadual do MST, Marco Antonio Carolino da Silva, informa que um representante da Secretaria Estadual de Direitos Humanos (SEDH) já visitou o local para obter informações e que a Polícia Militar (PM) está lá, mas até o momento não houve nenhuma ação violenta. De acordo com ele, o MST vai oficializar ao Governo do Estado e o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) um pedido para que a área seja destinada para fins de reforma agrária.

No Espírito Santo, existem 12 acampamentos, aponta Carolino, onde há 1,6 mil famílias. Eles são localizados principalmente no norte e noroeste, em municípios como Aracruz, Linhares, São Mateus, Pinheiros, Nova Venécia e Montanha. Em São José do Calçado há outro, com 10 famílias, que já foi desapropriado há dois meses. Contudo, falta fazer a demarcação da terra e criar a infraestrutura necessária, como a construção de estradas e casas. Segundo Carolino, não há previsão de quando esse processo irá findar, uma vez que o Incra passa por defasagem no número de servidores diante da não realização de concurso público nos últimos anos.
O MST, afirma Carolino, tem boas expectativas quanto à possibilidade de cessão da área ocupada nessa segunda-feira. Isso porque a gestão de Renato Casagrande (PSB) cedeu para fins de reforma agrária uma propriedade em Palhaus, Linhares, no norte, em abril último, quando o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, visitou o Espírito Santo.

Carolino também recorda que o gestor vetou o Projeto de Lei (PL) nº 166/2023, de autoria do deputado estadual Lucas Polese (PL), que criminalizava as ocupações de terra. O veto foi mantido pela Assembleia Legislativa com sete votos favoráveis à manutenção, 14 contrários e uma abstenção. Oito parlamentares não compareceram à sessão. Para a queda do veto, era preciso, ao menos, 16 votos.

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