Sociedade civil e poder público buscam dialogar com moradores do bairro Santa Clara, em Vitória, sobre acolhida aos venezuelanos
Os venezuelanos da etnia Warao que chegaram a Vitória em agosto podem ir para um novo abrigo em breve. O prédio de uma escola estadual no bairro Santa Clara, nas proximidades do Parque Moscoso, foi cedido para a Prefeitura de Vitória pelo Governo do Estado, com o objetivo de abrigar os refugiados. Entretanto, há resistência de parte dos moradores da comunidade. Por isso, uma comissão formada por representantes do poder público e da sociedade civil busca dialogar com lideranças comunitárias para abordar a necessidade de acolhimento.
A representante do Vicariato para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória, a assistente social Ana Petronetto, relata que uma das ações já feitas nesse sentido foi um diálogo com o pároco da Catedral Metropolitana de Vitória, Renato Criste, uma vez que a comunidade Santa Clara faz parte da paróquia. A ideia, aprovada pelo sacerdote, é de que seja feita uma conversa com lideranças católicas para que elas possam atuar na região de forma a intervir positivamente na acolhida aos venezuelanos.
Ana Petronetto informa que a comunidade está receosa diante de boatos que circulam sobre os Warao. Um deles é de que o venezuelano que estuprou a neta de quatro anos em setembro, em Vitória, fazia parte desse grupo, o que não procede. “É fundamental dissolver boatos contra os venezuelanos. É preciso dialogar com a comunidade sobre a necessidade de receptividade. Eles foram expropriados de suas terras, passaram por um processo de expulsão e a solidariedade é importante”, diz a representante do Vicariato.
Ana Petronetto afirma, com base em sua trajetória como assistente social, que quando há instalação de equipamentos voltados para excluídos, como asilos e orfanatos, há inquietação na comunidade. “Mas ao longo do tempo, a gente quebra isso conversando, dialogando, explicando”, aponta. Ela defende que seja feita uma comissão com três moradores do bairro para que possam ser intermediadores entre ele e os Warao, além do diálogo entre a equipe formada pelo poder público e a sociedade civil e as lideranças comunitárias.
Cerca de 25 pessoas da etnia Warao foram deixadas na Rodoviária de Vitória, em agosto, trazidas por um ônibus da Prefeitura de Teixeira de Freitas, sul da Bahia. Inicialmente, foram levadas para o Centro Pop, mas depois, encaminhadas para a Unidade de Inclusão Produtiva de São Pedro, conhecida popularmente como Casa Azul, onde permanecem.
Entretanto, a coordenadora da Cátedra Sérgio Vieira de Mello pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Brunela Vincenzi, afirma que o espaço não comporta adequadamente o grupo, que hoje é composto por 51 famílias, pois outro grupo chegou depois, também vindo de Teixeira de Freitas. O novo espaço, em Santa Clara, tem uma infraestrutura melhor.
Carteira de trabalho
Nesta terça-feira (8), os Warao foram encaminhados para emissão da Carteira de Trabalho Digital, na Casa do Cidadão. A ação ocorreu por meio de uma força-tarefa, montada pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) em parceria com a Secretaria de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho (Semcid). Nessa segunda-feira (7), foi feita uma oficina preparatória para entrevista de emprego, que contemplou as mulheres venezuelanas.
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