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Sem garantia de moradia, famílias podem voltar a acampar na PMV

Aluguel social termina em 1º de março. Prefeitura de Vitória alega ausência de programas habitacionais

Em 1º de março, próxima quarta-feira, termina o aluguel social destinado a nove famílias da Ocupação Chico Prego, que totalizam cerca de 30 pessoas. Como a gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) não garantiu moradia definitiva para elas, uma das alternativas, afirma uma das lideranças do movimento, Rafaela Regina, é as famílias voltarem a acampar na porta da Prefeitura de Vitória, como fizeram de abril a agosto de 2022.

O acampamento seria composto por cerca de 150 pessoas, uma vez que muitos que se encontram sem moradia afirmam querer participar da ocupação. De acordo com ela, a gestão municipal alega que não há programas habitacionais para inserir as famílias e propôs a extensão do aluguel social por tempo diferenciado para elas. Para algumas, dois meses, para outras, três ou quatro.

Rafaela relata que a diferença nos períodos não contou com uma justificativa considerada “plausível”. No caso dela, a proposta da prefeitura foi de prorrogação por mais dois meses. “Alegaram que sou uma pessoa que sabe falar bem, por isso, não teria dificuldade para ingressar no mercado de trabalho, mas mão levaram em consideração que tenho 40 anos e estudei até a quarta série”, diz.
Leonardo Sá

As famílias saíram da ocupação em frente à prefeitura, onde ficaram 120 dias acampadas, em agosto passado. O acordo que deu fim ao acampamento estabeleceu que, durante o período de seis meses, seria destinado o valor de R$ 600,00 mensais a cada uma delas, para o aluguel. Também foi acordada a garantia de matrícula das crianças e adolescentes na escola e a realização de cursos de qualificação profissional.

“Aceitamos o acordo para resolver pacificamente a questão da moradia definitiva, mas a gente não vê boa vontade do prefeito para isso”, enfatiza Rafaela.

O acampamento em frente à PMV era composto por famílias vindas da ocupação Chico Prego, que estavam na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Irmã Jacinta Soares de Souza Lima, no Morro do Romão. Elas começaram o acampamento determinadas a finalizar somente após serem recebidas pelo prefeito Lorenzo Pazolini e com garantias de que seriam encaminhadas para um abrigo, conforme decisão do juiz Mario da Silva Nunes Neto.

Leonardo Sá

Em maio, porém, o magistrado acatou o pedido da gestão municipal de não cumprimento das condicionantes para a reintegração de posse impostas em sentença publicada de março, já que as famílias haviam saído da ocupação na escola. O juiz entendeu que as famílias saíram voluntariamente. As condicionantes determinavam que as pessoas fossem encaminhadas para um local digno com os seus pertences, por um período mínimo de seis meses.

Entretanto, como explicou na ocasião o advogado constituído pelos ocupantes, Thor Lima Braga, a Justiça concluiu que, com a saída das famílias da ocupação em 28 de abril, a ação perdeu o objeto, não havendo motivo para seu prosseguimento.

O Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) contesta que a desocupação foi voluntária. As famílias se revezavam entre a ocupação e o acampamento em frente à prefeitura, montado para reivindicar o cumprimento da decisão judicial de encaminhá-las para um abrigo e que ainda vigora. Contudo, no 22º dia de acampamento, foram despejadas do colégio depois de a gestão municipal inflamar a comunidade contra as famílias, após várias tentativas fracassadas de retirá-las do espaço de maneira ilegal.
Na ocasião, Rafaela relatou que, no dia anterior, representantes da prefeitura se reuniram com a comunidade para discutir a apresentação da obra de construção da EMEF, que está fechada desde 2013. Durante a atividade, foi dito que o início das obras dependia da saída das famílias da ocupação e, inclusive, que a licitação já havia sido feita, com possibilidade de perda da verba caso a ocupação não fosse encerrada.
Diante disso, prosseguiu Rafaela, dezenas de pessoas que participaram da reunião foram até a escola, onde ameaçaram retirar os pertences das famílias, as xingaram e ameaçaram agredi-las fisicamente. “Um carro da prefeitura apareceu e ainda se prontificou a tirar nossas coisas de lá”, disse, acrescentando que, em meio à confusão, a comunidade deu um prazo para que as famílias se retirassem do local.
A gestão de Lorenzo Pazolini chegou a enviar, em 12 de abril, viaturas e guardas da Ronda Ostensiva Municipal (Romu) contra a Ocupação Chico Prego, para efetuar o despejo das famílias. Acompanhando as viaturas e os guardas municipais fortemente armados, foram enviados também um caminhão de lixo e dois tratores, relataram os ocupantes. “Queriam colocar nossas coisas no caminhão de lixo e jogar em qualquer lugar e largar a gente na rua”, contou Rafaela na ocasião.

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