Presidente do Sindipúblicos, Iran Caetano, afirma que a deflagração do movimento está amparada pela lei
O governo estadual adiou uma reunião prevista para essa segunda-feira (15) com representantes do Sindicato dos Servidores Públicos do Estado, que trataria da pauta de reivindicações do funcionalismo capixaba. Sem uma resposta concreta por parte da gestão do governador Renato Casagrande (PSB), os servidores poderão aprovar o início de uma greve nesta quinta-feira (18), em Assembleia Geral Unificada a ser realizada às 15h.
A assembleia acontecerá em formato híbrido, com servidores presencialmente na sede do Sindipúblicos, em Vitória, e transmissão simultânea pela internet. O encontro serviria justamente para avaliar as propostas que seriam apresentadas pelo governo, e foi mantido mesmo com a não realização da reunião na segunda-feira.
“O secretário [da Casa Civil, Junior Abreu] alegou uma convocação do governador de última hora. A reunião foi remarcada para o dia 31 de julho. Vamos discutir os rumos do movimento na quinta-feira. Estamos seguindo os trâmites legais da lei de greve estadual. Se for necessário fazer greve, estamos amparados pela lei. Mas essa é uma decisão soberana da assembleia”, afirma o presidente do Sindipúblicos, Iran Caetano.
Os servidores estaduais estão em estado de greve desde o último dia 16 de maio. Na avaliação do funcionalismo, a gestão de Casagrande não cumpriu com o compromisso de dar uma resposta formal à pauta protocolada. As reivindicações também foram reforçadas em reunião com o secretário Junior Abreu, realizada em 17 de junho.
No último dia 10, os servidores realizaram um protesto no Centro de Vitória para pressionar o governo estadual a dar uma resposta à pauta de reivindicações. A ação mobilizou 300 servidores, segundo o Sindipúblicos, número que incluiu a participação de profissionais do interior, que paralisaram seus serviços e acompanharam a manifestação de rua por meio de transmissão pela internet.
Na última sexta-feira (12), os servidores também marcaram presença na audiência pública sobre o orçamento estadual de 2025, que aconteceu no auditório do Sicredi de Viana, na região metropolitana do Estado.
“Nós avaliamos que o deslocamento das negociações da Seger [Secretaria de Estado de Gestão e Recursos Humanos] para a Casa Civil foi um avanço. Porém, a categoria aguarda ansiosamente por respostas efetivas do governo”, comenta Iran Caetano.
A pauta dos trabalhadores contempla recomposição escalonada das perdas salariais, que chegam a 14,3%; reestruturação das carreiras extintas em vacância; auxílio-alimentação digno; revisão de planos de cargos e salários dos funcionários da ativa; e redução das disparidades salariais entre os níveis de escolaridades.
O reajuste de 4,5%, aprovado no início de maio por unanimidade e em regime de urgência, é considerado insuficiente diante das perdas salariais. Para as entidades representativas dos trabalhadores, há condições de oferecer um valor mais alto, tendo em vista que o Estado está em boas condições financeiras. Além disso, foi aprovado, no fim do ano passado, um reajuste bem maior para o governador e vice-governador (12%, somando 2024 e 2025); secretários (22%) e chefes de autarquias (quase 70%).
Outras pautas dos servidores do Poder Executivo incluem: pagamento dos precatórios da trimestralidade; reestruturação das carreiras técnicas do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), sem a unificação de cargos aprovada recentemente; e revogação da modificação da Lei do Teletrabalho e da lei do novo licenciamento ambiental.