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Suposto toque de recolher no Jaburu levanta reflexão sobre violência na periferia

O episódio ocorrido nesta quinta-feira (26), com o fechamento de lojas da Avenida Leitão da Silva, em Vitória, em decorrência da morte de dois jovens da comunidade do Jaburu, em Vitória, levantou o debate sobre a reação violenta diante da violência institucional.

O coordenador do Fórum Bem Maior, do Território do Bem – formado pelas comunidades de São Benedito, Jaburu, Itararé, Floresta, Engenharia, Bonfim, Bairro da Penha e Consolação –, Valmir Rodrigues Dantas, fez um relato nas redes sociais em que provoca essa reflexão.

Ele aponta que a sociedade não vê o morador da periferia como um sujeito de direito à segurança pública, mas como ameaça e que a violência vivida pelos moradores do Território do Bem, que engloba aproximadamente 31 mil habitantes, ocorre em toda a cidade, mas as favelas, em geral, se tornam território privilegiado para a guerra.

Valmir ressalta que é preciso que se construa uma política de segurança mais inteligente e que poupe vidas. Ele lembrou que o fato ocorrido no Jaburu mostra a fragilidade do poder público nas periferias, que não enxerga as necessidades básicas do povo e em vez de apoiar as famílias, provoca mais violência.

“E quando tem operação, de modo geral, é muito agressiva, interrompe o convívio das pessoas dentro da comunidade; compromete a circulação das pessoas que precisam sair para trabalhar, estudar ou fazer qualquer outra atividade. Sentimos medo e ficamos com o sentimento forte de que podemos nos tornar vítima”, diz o relato de Valmir.

O padre Kélder Brandão, da paróquia Santa Teresa de Calcutá, em Itararé, também no Território do Bem, relatou os fatos ocorridos desde a morte dos dois jovens, em um acidente de moto, na noite de quarta-feira (25). Ele contou que foi ao velório dos jovens e presenciou mais de uma centena  de jovens, adolescentes, adultos e crianças ao redor dos caixões tomados de sincera tristeza e dor.

O padre disse não ter sentido nenhuma animosidade ou ódio nas pessoas, “mas vi muitos jovens e adolescentes que nasceram e cresceram em meio à violência e a quem foi ensinado a agir, se expressar e se comunicar através dela. E foi isso que os jovens de Jaburu fizeram na manhã de ontem [quinta-feira], como costuma acontecer nas periferias. Manifestaram seus sentimentos através da violência”, disse ele, nas redes sociais.

Ele finalizou dizendo que cabe ao poder público e à sociedade entender essa mensagem e agir de forma sensata e civilizada. “O que os moradores do Território do Bem precisam nesse momento é de respeito para velar seus mortos, curar suas feridas e que obra da Leitão da Silva seja concluída. Essa, sim, tem fechado muitos comércios – e não apenas por uma tarde –, causando incalculáveis prejuízos para os comerciantes e muitos transtornos para a população”, completou o pároco.

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