Dez anos depois da implantação das primeiras cotas para ingresso na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a Conferência “Políticas Afirmativas e Saberes das Diferenças”, que começou nesta terça-feira (28) e segue até a próxima sexta (31), vai avaliar uma década de implantação das ações afirmativas na universidade e propor melhorias para o sistema.
De acordo com um dos organizadores, o professor Gutavo Forde, o evento nasceu a partir do marco histórico desta primeira década de políticas de cotas na Universidade (2008-2017). Segundo ele, nesse contexto, foram dois momentos. Um de 2008 a 2012, quando foram implantadas as cotas sociais e, em seguida, de 2013 a 2017, com as cotas sociais e também raciais.
A Conferência tem sete públicos de interesse, que são alvo das ações afirmativas e pertencentes a minorias historicamente discriminadas: negros, quilombolas, indígenas, população do campo, público LGBTI+, mulheres e pessoas com deficiência.
Para o professor, nesses 10 anos, é possível notar não apenas em termos quantitativos, mas qualitativos, a maior democratização da Ufes. “Podemos perceber que houve a maior democratização do ensino superior. Sujeitos de grupos historicamente subjugados passaram a ter acesso à universidade; houve uma mudança positiva, com certeza”, disse.
No entanto, uma década depois, segundo Gustavo Forde, há outros desafios a serem superados, como o da permanência. Nesse caso, as condições socioeconômicas impedem que alguns dos alunos provenientes das ações afirmativas concluam os seus cursos.
Nesse sentido, a Conferência tem por objetivo também construir uma agenda afirmativa para indígenas, quilombolas, negros, mulheres, LGBTI+, pessoas com deficiência e população do campo que seja norteadora para as práticas no âmbito da universidade. “Teremos palestras e grupos de trabalho em que os 10 anos de implantação das ações afirmativas serão avaliados em seus pontos positivos e negativos. No último dia, teremos um relatório com a avaliação e proposições para melhoria da política”, disse.
A Conferência é organizada pela Pró-reitoria de Assuntos Estudantis e Cidadania, por meio do Departamento de Cidadania e Direitos Humanos, em um processo de construção coletiva e dialógico com Coletivos Estudantis, Núcleos de Pesquisa, Grupos de Extensão, Centros de Ensino, Pró-Reitorias, Colegiados de Cursos, Programas de Pós-graduação, Entidades Representativas, Organizações da Sociedade Civil e de Movimentos Sociais.
O público alvo são estudantes, técnico-administrativos, docentes e gestores dos diversos campi da Ufes, além de representantes de organizações da sociedade civil e de movimentos sociais.