A Unidade Negra Capixaba protocola nas prefeituras do Estado, desde essa quinta-feira (25), um documento no qual apresenta reivindicações e propostas para o enfrentamento aos impactos da Covid-19 na população negra, principal vítima fatal da doença. Nele constam 105 medidas urgentes de combate à pandemia em diversas áreas, como saúde, trabalho e assistência social; educação, comunicação social e ciência; e economia, habitação e mobilidade urbana.
O documento é o mesmo que foi protocolado no Governo Casagrande no último dia quatro de junho. Ele foi assinado por mais de 60 entidades, entre elas, movimentos sociais, coletivos, associações e grupos ligados a comunidades quilombolas. É embasado em estudos que apontam o racismo estrutural como causa da vulnerabilidade social que atinge grande parcela da população negra.
Nessa quinta, o documento foi entregue nos municípios de Vitória, Vila Velha, Viana, São Mateus, Cariacica, Nova Venécia, Marataízes, Itapemirim, Guarapari, Anchieta, Piúma, Presidente Kennedy e Rio Novo do Sul. Nesta sexta-feira (26) em Vila Pavão, Conceição da Barra, Colatina e Venda Nova do Imigrante. O documento também foi encaminhado para a Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes). As ações nos municípios restantes prosseguem na segunda-feira (29) e na terça-feira (30).
A Unidade Negra Capixaba é composta por lideranças de religiões de matriz africana, artistas, pesquisadores, professores universitários, profissionais da saúde, advogados, líderes comunitários, líderes estudantis e lideranças históricas, entre representantes de outros segmentos sociais e profissionais.
Grupos de Trabalho
Em reunião ocorrida no dia 18 de junho entre a Unidade Negra Capixaba e o Governo do Estado, foi discutida a criação de cinco Grupos de Trabalho (GTs) para encaminhar demandas do Movimento Negro por meio da Unidade. Os temas dos GTs serão Assistência Social, Saúde, Educação e Ciência e Tecnologia, Segurança Pública e Justiça; e Habitação e Mobilidade Urbana. Segundo Vanda Vieira, uma das representantes da Unidade, as temáticas da economia e dos direitos humanos devem permear todos os GTs.
“É uma vitória conseguir estabelecer um diálogo com o Governo do Estado, o que estamos buscando desde o início da gestão. E essa conquista tem a ver com a unidade do Movimento Negro durante pandemia, com a união de entidades e pessoas para construir o documento entregue no dia quatro”, diz Vanda, afirmando que é preciso identificar o porquê de a letalidade durante a pandemia ser maior entre os negros.
“É por que os negros estão precisando sair para trabalhar? Isso acontece porque não conseguiram auxílio emergencial? É por que normalmente moram em locais onde não têm saneamento básico?”, questiona Vanda.
A representante da Unidade defende que trata-se de uma luta que deve prosseguir após a pandemia, pois as possíveis causas da maior letalidade entre os negros são problemas que já existiam antes, mas não foram solucionados.