O Grupo de Trabalho tem como objetivo discutir ações de combate à Covid-19 entre a população negra
A Unidade Negra Capixaba tem reunião marcada com representantes do Governo do Estado nesta quarta-feira (17). A agenda é fruto de um protesto ocorrido no dia quatro de junho, quando os manifestantes conseguiram ser recebidos pela vice-governadora, Jaqueline Moraes (PSB), e pela secretária estadual de Direitos Humanos, Nara Borgo. Na ocasião, o governo se comprometeu a realizar uma reunião para a criação de um Grupo de Trabalho (GT) com representantes do poder público estadual e da Unidade.
A reunião, segundo o governo, seria realizada até a última sexta-feira (12), mas não aconteceu, o que gerou críticas, sendo marcada para esta semana. O GT, cuja proposta é englobar representantes do poder público estadual e da Unidade Negra, objetiva discutir ações de combate à Covid-19 entre a população negra. À vice governadora e à secretária estadual de Direitos Humanos, a Unidade Negra Capixaba apresentou um abaixo-assinado com 2,5 mil adesões e um documento com 105 sugestões de medidas urgentes de combate à pandemia em meio à população negra, mais vulnerável ao coronavírus, como mostram os dados oficiais.
Entre as reivindicações apontadas no documento, elaboradas por mais de 60 entidades e incluindo diversas áreas, como saúde, educação e cultura, estão o decreto imediato de lockdown até o início do achatamento da curva de contágio do vírus; a criação de hospital de campanha e espaços de acolhida para pessoas com Covid-19 que não têm condições de fazer isolamento em casa; subsídios para artistas negros desempregados durante a pandemia e pequenos agricultores e quilombolas; e combate à intolerância religiosa nas unidades de saúde.
A Unidade Negra Capixaba foi criada a partir das mobilizações junto à Secretaria de Saúde para cobrar transparência nos dados sobre a contaminação da Covid-19 entre a população negra. O grupo é composto por lideranças de religiões de matriz africana, artistas, pesquisadores, professores universitários, profissionais da saúde, advogados e líderes comunitários e estudantis.
Diante das mobilizações em busca de transparência, o Movimento Negro Capixaba conseguiu que fosse feita a divulgação dos dados referentes ao pertencimento racial e ao gênero das pessoas infectadas e mortas pelo coronavírus. A ausência de dados, afirma, tratava-se de racismo institucional.
Além disso, também foi solicitada inclusão de profissionais negros, pesquisadores e militantes das desigualdades raciais e sociais junto ao Comitê de Operações Emergenciais (COE), reivindicação a qual o Movimento Negro continua pleiteando. Para o Movimento, é necessário que o Comitê conte com pessoas que entendem a realidade da população negra e estudam a temática racial