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Usuários e rodoviários denunciam precariedade do transporte coletivo na Serra

Redução de viagens e frota foi tema de audiência na Câmara de Vereadores

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Leonado Sá

A precariedade do transporte público na Serra foi alvo de críticas durante audiência pública convocada pela Câmara Municipal. Apesar de problemas de superlotação, frota e horários de circulação insuficientes e condições inadequadas dos ônibus, a Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Espírito Santo (Ceturb) tem optado por reduzir ainda mais os serviços para a população, sem aviso prévio ou diálogo com as lideranças comunitárias. Os problemas foram apontados por representantes de 50 comunidades, vereadores e dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário (Sindirodoviários) a representantes da concessionária e da Secretaria Estadual de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi).

Proponente da audiência, o vereador Cléber Serrinha (MDB) enfatizou os impactos da redução das viagens para os passageiros e trabalhadores. Ele citou como exemplo a linha 800, que passou de 140 viagens diárias em 2024 para apenas 113. “Isso está massacrando a população e os rodoviários. Aconteceu um acidente com um motorista que está há 30 anos na empresa, porque eles trabalham sempre afobados, chegam no terminal e não têm tempo nem para tomar um café”, relatou.

Diretor do Sindirodoviários, ele afirmou que realizou um levantamento sobre a redução da frota e do número de viagens e constatou que a redução foi muito maior do que o anunciado pela concessionári: “A conversa era que a Ceturb iria reduzir 5%, eu provo para vocês que reduziu mais de 15%. E isso é brincar com a população e com o dinheiro do trabalhador”, denuncia.

O presidente do sindicato, Marquinhos Jiló, também apontou a sobrecarga de trabalho e os riscos de agressões enfrentados pelos motoristas. “Os ônibus estão superlotados, e quem sofre é o trabalhador, que além do estresse, ainda pode ser alvo de violência dos próprios passageiros”, explicou.

Vereadores e representantes também cobraram providências para o problema do sucateamento dos veículos, atrasos constantes, dificuldades de deslocamento e número de linhas e frota que não comportam as demandas dos bairros, ressaltando o crescimento da cidade e o impacto da redução do transporte na qualidade de vida da população.

Em resposta, a diretora de operação da Ceturb, Isabela Amorim, argumentou que a administração faz ajustes constantes nas tabelas de horários e linhas. Segundo o gerente de transporte de passageiros da Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi), José Eduardo Souza Oliveira, que reconheceu que o Sistema atual está desatualizado, a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) foi contratada pelo governo para realizar um estudo para a reformulação da rede de transporte público. “O contrato vigente foi baseado em um modelo de 2014, mas desde então, a realidade mudou. Com a pandemia, os hábitos de deslocamento também se transformaram”, observou.

Para o presidente da Federação das Associações de Moradores da Serra (FAMS), Antonio Carlos, a atual situação do transporte público no município é marcada por promessas não cumpridas e falta de respeito com a população. Segundo ele, o Sistema Transcol não atende às necessidades dos usuários e as justificativas apresentadas pelo governo não condizem com a realidade. Segundo ele, as reuniões e debates com a Ceturb não têm resultado em melhorias concretas. “Estamos na Ceturb constantemente discutindo, debatendo, e tudo que recebemos são promessas como foi falado aí, esse ‘averiguar’ é igual a fake, nunca se averigua nada”, reforçou. Ele acrescentou que as lideranças comunitárias têm se organizado para manifestar essa insatisfação em atos de rua.

De acordo com a Ceturb-ES, o transporte coletivo da Grande Vitória atende diariamente cerca de 600 mil passageiros, com uma frota de aproximadamente 1,6 mil ônibus, que realizam cerca de 20 mil viagens por dia. Quase metade da população capixaba vive na região, conforme demonstrou o último Censo apresentado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022. Naquele ano, o número de habitantes da Grande Vitória alcançou 1,8 milhões. Desses, 28% residem no município da Serra, o mais populoso do Estado, estimado pelo IBGE em 520 mil habitantes.

Protesto contra tarifa

Amanda Nogueira

Em janeiro deste ano, movimentos estudantis e sociais, sindicatos e organizações de trabalhadores realizaram protestaram em frente ao Departamento de Edificações e Rodovias do Espírito Santo (DER-ES), na Ilha de Santa Maria, em Vitória, contra o aumento da tarifa do Sistema Transcol durante a reunião do Conselho Tarifário, que aprovou o reajuste de 4,26%. Na ocasião, os manifestantes denunciaram que o modelo atual penaliza os usuários do transporte coletivo, que já enfrentam dificuldades com as condições do serviço e o impacto do custo no orçamento familiar. Além disso, moradores de áreas periféricas relataram dificuldades adicionais de acesso, que agrava desigualdades na região.

A necessidade de uma auditoria do contrato vigente, que prevê reajustes anuais até 2044, foi uma das reivindicações apresentadas na ocasião pelo Movimento Passe Livre (MPL) e o Diretório Central dos Estudantes da Ufes (DCE), que articularam o protesto. As organizações também cobraram a realização de um estudo de viabilidade para a implementação da tarifa zero no Sistema Transcol e a construção de políticas públicas que garantam o direito ao transporte para todos, assim como a elaboração de um plano gradual para viabilizar a tarifa zero até o fim do contrato atual.

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