Em sessão realizada nesta quinta-feira (20), os vereadores de Conceição da Barra, no norte do Estado, aprovaram a fusão das secretarias de Cultura e de Turismo do município. Um projeto de lei de autoria do executivo municipal foi enviado há cerca de três semanas à Câmara alterando a estrutura da secretaria, fundindo as duas secretarias em uma única pasta. A partir deste novo arranjo, a Secretaria de Cultura será transformada em departamento, voltando à estaca zero.
Apesar de ser um município com forte matriz cultural e manifestações folclóricas enraizadas, Conceição da Barra não tinha, até o ano passado, uma Secretaria de Cultura. No entanto, em 2013 o vereador Amauri Gomes Januário (PPS) fez uma proposição à prefeitura para a criação da secretaria e o prefeito Jorge Donati (PSDB) acatou, enviando projeto de lei para criação da pasta à Câmara de Vereadores, que aprovou a criação.
No entanto, não houve adesão da secretaria ao Sistema Nacional de Cultura – necessária para que fossem implementados colegiados como o Conselho Municipal de Cultura, a Conferência Municipal de Cultura e o Fundo Municipal de Cultura.
Votaram contra o projeto de fusão os vereadores Amauri, Carlos Rosário Duarte (PT) e Estelina Barreira Pereira (PHS); e a favor da fusão Adilson Poeta (PPS), Mirtes (PR), Sirlene do Cartório (PRB), Rogério da Cobraice (PTB), Juvenal Enfermeiro (PTB), Hermes da Conceição (PSB) e Nildecia de Oliveira, conhecida como Nega (PDT).
A fusão das pastas surpreendeu os moradores, já que com a medida não é garantido que os recursos chegarão à cultura. De acordo com Maria Catarina Paixão Mota, fiscal do Conselho de Cultura de Conceição da Barra, é espantoso que um vereador que é poeta tenha votado pela fusão.
Ela conta que comanda o Ticumbi do Congado, que se reúne no quintal da casa dela e ficou chateada com a fusão. As associações folclóricas ainda estudam tomar medida contra a fusão.
Conceição da Barra tem atualmente poucos espaços que não estejam ocupados pelo plantio de eucalipto (matéria-prima industrial para a Aracruz Celulose – atual Fibria, e Suzano Papel e Celulose) e que não recolhe Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), ou seja, não gera retorno para o município.
Já as manifestações culturais e folclóricas se multiplicam no município. Uma síntese disto é a Vila de Itaúnas, em que há turismo e ao mesmo tempo é um grande centro de folclore, com manifestações do Ticumbi e Jongo, que coincidem o período de férias escolares com o de “reizado”.