Entre as pastorais que podem ser criadas estão as das Mulheres, da Educação e a Universitária. A ideia é também fortalecer as pastorais já existentes, que são as do Povo de Rua, do Menor, da Criança, do Idoso, da Ecologia, dos Migrantes, Carcerária, dos Pescadores, da Aids, da Saúde, Operária e da Sobriedade.
Como as pastorais da Comunicação e da Juventude não são ligadas ao Vicariato, e sim ao Departamento de Pastoral, não foram incluídas nas metas estabelecidas pelo organismo coordenado pelo padre Kelder. Em um segundo momento, serão estabelecidas formas de colocá-las em prática e traduzi-las em ações.
A integrante da coordenação da Campanha Paz e Pão, Terezinha Baldassini Cravo, explica que a criação da Pastoral das Mulheres dialoga com a realidade de violência vivida por elas, com a necessidade de discussão desse tema dentro da Igreja para estimular os processos de reflexão. A criação da Pastoral da Educação vai ao encontro da Campanha da Fraternidade 2022, cujo tema é “Fraternidade e Educação”, e o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor”, tendo como alguns de seus objetivos analisar o contexto da educação e os desafios potencializados pela pandemia e verificar os impactos das políticas públicas na educação.
Terezinha recorda que a Pastoral da Educação já existiu na Arquidiocese de Vitória, mas se desmobilizou, assim como a Pastoral Universitária, cuja criação também dialoga com a próxima Campanha da Fraternidade. Ela explica que a Pastoral da Educação tem foco na educação básica e a Universitária na superior. O padre Vitor Noronha, quando ainda era seminarista, chegou a articular a criação dessa última pastoral na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), por volta de 2010.
De acordo com ele, que hoje é diretor espiritual da Pastoral Carcerária, a Pastoral Universitária já existe em algumas instituições de ensino superior católicas. A ideia, portanto, é criá-las nas universidades públicas e nas particulares não confessionais, mas “sem fazer proselitismo, sem se basear em uma conflito entre fé e razão, sem querer se colocar como presença de fé em um espaço da razão”.
Vitor explica que a Pastoral Universitária acredita que as instituições de ensino superior devem ser espaço de criação e defesa de “um projeto de sociedade de iguais, de irmãos, de fraternidade, não apenas um espaço de formação para o mercado de trabalho, mas sim, de atingir os fins últimos, e os fins últimos são a visão integral do ser humano, o compreender, o pensar e transformar a vida humanamente”.
Para a integrante da Pastoral Operária, Marina de Oliveira, o fortalecimento das pastorais já existentes também é uma iniciativa importante, “pois são elas que fazem o diálogo entre a Igreja e a sociedade”, além de ser necessário atrair pessoas mais jovens para as pastorais, pois elas estão envelhecendo. “Precisamos revitalizar para elas não acabarem e continuarem a caminhar”, diz.
Além do fortalecimento das pastorais, outra meta do Vicariato é o apoio e estímulo na construção e participação em atividades como a
Marcha Pela Vida e Cidadania e no
Grito dos Excluídos. A Marcha, organizada há mais de 20 anos pela Pastoral Operária, aconteceu sempre no 1º de Maio, Dia do Trabalhador. O Grito dos Excluídos ocorre há quase 30 anos em todo o país, no dia sete de setembro.
“A Marcha é um dia de grito; de denúncia de problemas como o desemprego, a fome e a violência; de anúncio daquilo que podemos fazer para dar vida. Quando a Igreja estabelece como meta o estímulo a uma atividade como essa, reforça que está do lado de fato da Igreja em saída, daquela que dialoga com a sociedade”, destaca Marina.
O fortalecimento da Campanha Paz e Pão, que distribui cestas básicas para famílias em vulnerabilidade social, também é uma das metas para 2022. De acordo com Terezinha, existem hoje doadores permanentes para a iniciativa, fora os pontuais, além de ações de apoio de entidades da sociedade civil organizada, como o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Isso possibilita que cerca de 2,5 mil famílias sejam atendidas mensalmente. Entretanto, o número de famílias cadastradas é de uma média de 10 mil, sendo necessário aumentar o número de doadores permanentes para atender a todos que precisam.
Colocar em prática a Escola de Fé e Política, que começaria suas atividades em 2020, mas foi impossibilitada pela pandemia da Covid-19, também é uma meta do Vicariato para 2022. Seu coordenador pedagógico e professor da Universidade Federal do Estado (Ufes), Maurício Abdalla, informa que será ofertado um curso de Fé e Política, com quatro nos modelos, realizados nos meses de abril, junho, agosto e dezembro.
O primeiro será sobre bíblia e ensino social da Igreja – mística e espiritualidade. O segundo terá como temática a estrutura socioeconômica do Brasil e do mundo. O terceiro, Estado e democracia – história política do Brasil. Por fim, alternativas sociais em direção ao reino. Nesse último, como informa Maurício, o objetivo é apresentar perspectivas de transformação e formas de engajamento, elencando campos nos quais o cristão pode atuar no mundo, como a economia solidária e o bem viver.
Também são algumas das metas do Vicariato para 2022 o diálogo e criação de espaço no processo de formação sociopolítica dos novos sacerdotes da Arquidiocese, proporcionando a relação teoria e prática por meio da atuação dos seminaristas nas Comunidades Eclesiais de Base, nas pastorais e projetos sociais da Arquidiocese de Vitória; e intensificar a luta pela defesa e promoção dos direitos humanos, prevenção à violência e à criminalização das populações periféricas e a juventude negra, reivindicando ao governo estadual o cumprimento do Programa Estadual de Direitos Humanos, do Plano Estadual de Educação em Direitos Humanos, a implementação do Mecanismo de Prevenção e Erradicação à Tortura do Estado do Espírito Santo (Mepet/ES) e a Ouvidoria Autônoma de Polícia.
O coordenador da Comissão de Promoção da Dignidade da Pessoa Humana (CPDH), vinculada ao Vicariato, João José Barbosa Sana, afirma que a meta sobre questões de direitos humanos está no horizonte das discussões da CPDH, mas perpassa todas as ações do Vicariato.
Também estão nos planos para o próximo ano a capacitação e estímulo à participação nos conselhos de direitos e políticas públicas; a motivação à participação dos projetos sociais da Arquidiocese de Vitória nas reuniões periódicas do Fórum dos Projetos Sociais; a utilização dos subsídios sobre as eleições, elaborados pela Arquidiocese e pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na formação de lideranças, agentes de pastorais e conselheiros, como instrumento de estudo para formação sociopolítica; e incentivar a participação de todos os segmentos eclesiais no Sínodo dos Bispos 2021-2023.