Sindipetro realiza em Vitória campanha que explica motivos das altas dos preços e doa cupons de desconto para gás
“Em primeiro lugar, a gente precisa desmentir o que foi prometido por Paulo Guedes. Em 2019, ele prometeu que o preço do gás de cozinha cairia pela metade em dois anos. Hoje, ao contrário, a botija está muito mais cara. Ele mentiu, mentiu feio, e continua mentindo”.
A fala é do coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro/ES), Valnisio Hoffmann, em referência ao ministro da Economia, e resume o primeiro ponto da “aula” sobre os motivos das altas dos preços dos combustíveis acumuladas nos últimos três anos no Brasil, que a entidade tem levado aos municípios capixabas, por meio de sua Caravana dos Petroleiros.
O segundo ponto da aula compartilhada com as comunidades visitadas pela Caravana, prossegue o coordenador sindical, refere-se à falsa promessa das privatizações. “O ministro vende a ideia de que privatizar as refinadoras vai baixar os preços. É mentira, falácia. Exemplo é a refinaria RLAM [Refinaria Landulpho Alves] na Bahia. Ela foi privatizada e hoje tem a gasolina mais cara do Brasil”.
Antes da RLAM, o governo de Jair Bolsonaro (PL) já havia privatizado a Liquigás e a BR Distribuidora. “Primeiro ele vendeu as duas distribuidoras que faziam a logística dos combustíveis no Brasil. Depois, os postos BR. A empresa Vibra Energia ainda vai usar a marca Posto BR por cinco anos, mas os postos já não são mais da Petrobras”, relata Valnisio.
“Agora querem vender mais refinarias e ainda tem um projeto que quer vender as ações do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] para o governo perder o controle da Petrobras. É um projeto do [deputado federal, presidente da Câmara e aliado do governo] Arthur Lira [PP]”, alerta.
Outro embuste, sublinha o coordenador do Sindipetro-ES, é a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS). “Guedes diz que reduzir o ICMS iria resolver o problema do preço dos combustíveis. E hoje vimos que é mentira. A Petrobras acabou de aumentar o preço dos combustíveis”, afirma, referindo-se ao aumento anunciado nesta sexta-feira (17), de 5,18% na gasolina e de 14,25% no diesel.
“O ICMS é só um componente do preço. Não adianta zerar o ICMS sem mudar a política de preços. Só faz reduzir os tributos para os estados e aumentar os lucros dos acionistas. E quem paga é o povo. O principal causador dos aumentos dos preços é a paridade de importação. As empresas exigem que a Petrobras siga os preços do mercado internacional”, destaca.
Valnisio compara ainda a política de preços praticada pelo governo anterior a Bolsonaro. “O grande lance é que a Dilma [Roussef, PT] encarou o mercado, na época ela não aceitou a paridade. E pagou o preço, né. Mas esse governo não tem coragem de enfrentar o mercado”.
O sindicalista reafirma: “sem privatizar, o governo teria mais condições de manter o preço interno. Quanto mais pública for a Petrobras, mais condições o governo tem de manter os preços. Explicamos isso para as pessoas na Caravana: se o gás de cozinha é produzido em Linhares, se o custo é em real, se é uma empresa brasileira, se os funcionários recebem em real, não tem lógica o povo pagar em dólar pelo combustível”.