quinta-feira, novembro 21, 2024
29.4 C
Vitória
quinta-feira, novembro 21, 2024
quinta-feira, novembro 21, 2024

Leia Também:

‘Gás de cozinha deveria custar menos de R$ 35, segundo prometeu Paulo Guedes’

Sindipetro realiza em Vitória campanha que explica motivos das altas dos preços e doa cupons de desconto para gás

“Em primeiro lugar, a gente precisa desmentir o que foi prometido por Paulo Guedes. Em 2019, ele prometeu que o preço do gás de cozinha cairia pela metade em dois anos. Hoje, ao contrário, a botija está muito mais cara. Ele mentiu, mentiu feio, e continua mentindo”. 

A fala é do coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro/ES), Valnisio Hoffmann, em referência ao ministro da Economia, e resume o primeiro ponto da “aula” sobre os motivos das altas dos preços dos combustíveis acumuladas nos últimos três anos no Brasil, que a entidade tem levado aos municípios capixabas, por meio de sua Caravana dos Petroleiros.

Sindipetro/ES

Iniciada há dois meses em São Mateus, município do norte do Estado que tem a maior produção de petróleo do Espírito Santo, a campanha já passou por Linhares, também no norte, depois Cariacica, na região metropolitana, e chega em Vitória no próximo domingo (19).
“O objetivo é explicar para a população o motivo dos preços altos e defender a Petrobras como empresa que pode fazer o preço ser reduzido novamente”, reforça Valnisio. A distribuição de cupons de desconto já havia sido feita anteriormente à Caravana e também é praticada por sindicatos de petroleiros de outros estados. O diferencial agora é a peregrinação por vários municípios.
As mentiras do ministro de Jair Bolsonaro (PSL) denunciadas pelo sindicato são confirmadas cotidianamente pela imprensa nacional, ao noticiar os constantes aumentos dos preços não só do gás de cozinha, mas também da gasolina e do diesel. Segundo levantamento da Rede CNN, foram mais de vinte reajustes nos últimos três anos, elevando em 64% o valor médio que chega ao consumidor. Se Guedes tivesse cumprido sua promessa, a botija de 13kg hoje poderia ser comprada por aproximadamente R$ 35,00, mas está em torno de R$ 113,00.
Na capital capixaba, a Caravana aporta no bairro Jesus de Nazareth às 9h e leva, além das informações sobre o mercado brasileiro de combustíveis e as interferências negativas do governo federal, 60 cupons de desconto para compra de gás de cozinha.
Os vales garantem uma economia de R$ 50,00 para quem os receber, a saber, as famílias indicadas pela organização local Instituto Mãos na Massa, que mapeou as mais vulneráveis e necessitadas da ajuda. Uma outra parte também dos cupons deve ser distribuída em forma de sorteio para outras famílias que participarem da atividade.
A ideia, explica, Valnisio, é fazer uma manhã de lazer na comunidade. “A gente leva cadeiras, lanches, água, já colocamos pula-pula para as crianças em algumas cidades. Conversamos uns 40 minutos sobre essa política de preços e entregamos os vouchers”.
Sindipetro/ES

O segundo ponto da aula compartilhada com as comunidades visitadas pela Caravana, prossegue o coordenador sindical, refere-se à falsa promessa das privatizações. “O ministro vende a ideia de que privatizar as refinadoras vai baixar os preços. É mentira, falácia. Exemplo é a refinaria RLAM [Refinaria Landulpho Alves] na Bahia. Ela foi privatizada e hoje tem a gasolina mais cara do Brasil”. 

Antes da RLAM, o governo de Jair Bolsonaro (PL) já havia privatizado a Liquigás e a BR Distribuidora. “Primeiro ele vendeu as duas distribuidoras que faziam a logística dos combustíveis no Brasil. Depois, os postos BR. A empresa Vibra Energia ainda vai usar a marca Posto BR por cinco anos, mas os postos já não são mais da Petrobras”, relata Valnisio. 

“Agora querem vender mais refinarias e ainda tem um projeto que quer vender as ações do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] para o governo perder o controle da Petrobras. É um projeto do [deputado federal, presidente da Câmara e aliado do governo] Arthur Lira [PP]”, alerta.

Outro embuste, sublinha o coordenador do Sindipetro-ES, é a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS). “Guedes diz que reduzir o ICMS iria resolver o problema do preço dos combustíveis. E hoje vimos que é mentira. A Petrobras acabou de aumentar o preço dos combustíveis”, afirma, referindo-se ao aumento anunciado nesta sexta-feira (17), de 5,18% na gasolina e de 14,25% no diesel.

“O ICMS é só um componente do preço. Não adianta zerar o ICMS sem mudar a política de preços. Só faz reduzir os tributos para os estados e aumentar os lucros dos acionistas. E quem paga é o povo. O principal causador dos aumentos dos preços é a paridade de importação. As empresas exigem que a Petrobras siga os preços do mercado internacional”, destaca.

Valnisio compara ainda a política de preços praticada pelo governo anterior a Bolsonaro. “O grande lance é que a Dilma [Roussef, PT] encarou o mercado, na época ela não aceitou a paridade. E pagou o preço, né. Mas esse governo não tem coragem de enfrentar o mercado”.

O sindicalista reafirma: “sem privatizar, o governo teria mais condições de manter o preço interno. Quanto mais pública for a Petrobras, mais condições o governo tem de manter os preços. Explicamos isso para as pessoas na Caravana: se o gás de cozinha é produzido em Linhares, se o custo é em real, se é uma empresa brasileira, se os funcionários recebem em real, não tem lógica o povo pagar em dólar pelo combustível”.

Mais Lidas