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Grupo João Santos pede recuperação judicial e deve fechar jornal A Tribuna

Grupo, que é dono da Rede Tribuna, tem dívida de mais de R$ 13 bilhões, sendo R$ 170,5 milhões de passivo fiscal no Estado

O grupo João Santos, de Pernambuco, que já alcançou a posição de segundo maior fabricante de cimento no país, com unidades de produção no Espírito Santo, e dono da Rede Tribuna de Comunicação, tem 60 dias para apresentar seu plano de recuperação judicial, que inclui R$ 13 bilhões, sendo R$ 170,5 milhões de passivo fiscal no Estado.

A informação é do economista João Rogério Alves Filho, da PPK Consultoria, responsável pela condução da reestruturação econômico-financeira do grupo, que confirmou a possibilidade de a versão impressa do jornal A Tribuna ser extinta. Em abril deste ano, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Espírito Santo (Sindijornalistas-ES) denunciou uma demissão em massa promovida pelo empresa Nassau Editora Rádio & Televisão Ltda, proprietária da Rede Tribuna.

Segundo o economista, as dívidas são das áreas trabalhista, fiscal e tributária e, para saná-las, há a possibilidade de que o jornal impresso seja extinto, permanecendo a versão digital, seguindo uma tendência mundial. “Existe o interesse do grupo em manter em funcionamento as unidades no Espírito Santo”, afirma João Rogério, destacando que o grupo entende “ter responsabilidade capixaba”.

Atuando em paralelo ao escritório de advocacia, na condução da reestruturação econômico-financeira, o economista destaca que ” a recuperação judicial servirá ao Grupo João Santos como um pilar estratégico para revisão de viabilidade de todos as suas unidades de negócios, podendo-se, a partir de operações estruturadas, aumentar significativamente o valor dos ativos detidos pelo Grupo, garantindo assim a viabilidade e modernização tecnológica de unidades de negócios mais competitivas”.

Ainda no segundo semestre deste ano, o Grupo João Santos passou por uma profunda reestruturação em sua direção executiva, que foi assumida por dois profissionais de mercado, iniciando um novo ciclo de atividade. Paulo Narcelio e Guilherme Rocha projetam que o grupo deve voltar à posição de destaque no cenário nacional.

O grupo

O grupo João Santos iniciou suas atividades no segmento sucroalcooleiro em 1934, na cidade de Goiana, em Pernambuco, ampliando os segmentos de atuação a partir de 1951, com a fundação da fábrica de Cimento Nassau, marca reconhecida nacionalmente. Anos depois, mais cinco fábricas foram incorporadas nos estados de Pará, Bahia, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e Espírito Santo. Outros segmentos de atuação são celulose, agronegócio, comunicação e serviços como taxi aéreo e logística.

Em 2021, envolvidos em investigação decorrente de suposto prejuízo de mais de R$ 8,6 bilhões aos cofres públicos, sócios do grupo tiveram imóveis, veículos, joias, obras de arte e vários outros bens apreendidos na Operação Background, deflagrada pela Polícia Federal em conjunto com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e a Receita Federal.

Os bens seriam leiloados para cobrir erário e pagar dívidas trabalhistas assumidas pelo grupo em seus diversos negócios no país, incluindo no Espírito Santo, onde mantém uma fábrica de cimento da Nassau em Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado, e a Rede Tribuna de Comunicação.

Jornalistas

O jornal impresso já funciona com poucos profissionais, e com as demissões em abril, a situação ficou ainda mais precária. Foram demitidos cerca de 20 profissionais, a maioria com atuação direta na redação do jornal impresso, alguns deles com décadas de trabalho na empresa.

O Sindijornalistas-ES aponta que, por estar funcionando no limite, os profissionais são obrigados a se desdobrar para conseguir fechar a produção dos jornais diários, tanto no impresso, on-line, como na televisão, que agora terá uma equipe ainda mais reduzida.

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