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Mudança de nome da Aracruz Celulose facilitou aporte de dinheiro público em socorro

A mudança de nome da Aracruz Celulose para Fibria não teve apenas o objetivo de tentar deixar no passado um legado de agressões ao meio ambiente e às comunidades tradicionais, mas também ajudou no recebimento de verbas públicas em um momento crítico. A revelação foi feita em reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico, que conta os bastidores das perdas milionárias sofridas pela empresa no último trimestre de 2008 – quase levando o negócio à falência. 

Por conta do prejuízo obtido em operações com derivativos cambiais, a empresa já tinha fechado um acordo entre os principais acionistas, o grupo Votorantim (que hoje é majoritária na ex-Aracruz) que compraria as ações da família Lorentzen, que fundou a empresa, e de acionistas minoritários. No entanto, a revelação das perdas – até então subestimadas – deixou o negócio em zona de risco, tanto que as negociações chegaram a ser suspensa, aponta o Valor

Em novembro de 2008, a reportagem cita que a revelação do valor das perdas – próximas a R$ 4,2 bilhões – aproximou o grupo Votorantim, único interessado no controle da companhia, da compra da empresa. Entretanto, a companhia iria gastar mais do que está previsto com a compra das ações do grupo Safra, que também pretendia se livrar das ações. Com isso, o valor da operação saltou de até R$ 3 bilhões para R$ 5,42 bilhões. 

Neste contexto, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) surgiu como o parceiro ideal para o negócio. No entanto, o banco estatal não poderia financiar a operação de compra do controle de Aracruz, uma vez que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia declarado, em público, que o órgão não iria financiar “empresas especuladoras”, demonstra.  

Contudo, a mudança do nome de Aracruz Celulose para Fibria colaborou que a companhia fosse novamente socorrida pelo dinheiro público, assim como remete a criação no final da década de 1960 e início da década de 1970. Durante a ditadura militar, o idealizador da Aracruz, Erling Lorentzen, recebeu um vultoso empréstimo do BNDES, livre de qualquer cláusula que a obrigasse, como era praxe no banco, a ficar com os custos da inflação, muito elevadas à época. 

No caso atual, a chamada “Aracruz especuladora” daria espaço a uma nova companhia, criada a partir da fusão com a Votorantim Celulose e Papel (VCP). A operação garantiu a participação societária ao banco público, que deve aportar até R$ 2,4 bilhões até o final da operação em 2014. Uma conta feita por um mesmo beneficiário – com nome diferente –, mas que deve ser paga pelo mesmo credor, o povo brasileiro.

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