O Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro) comemora o fim da paridade de preços do petróleo e dos combustíveis derivados, como gasolina e diesel, com o dólar e o mercado internacional, anunciado nesta terça-feira (16) pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Também foi anunciada a redução dos preços dos combustíveis, com valores que começam a vigorar a partir desta quarta-feira (17).
Na gasolina, a redução será de R$ 0,40 por litro (-12,6%). No diesel, R$ 0,44 por litro (-12,8%). O gás de cozinha terá redução de R$ 8,97 por botijão de 13 kgs (-21,3%). Com essa diminuição, segundo a Petrobras, o preço do botijão para o consumidor final pode cair abaixo dos R$ 100. Entretanto, afirma a estatal, o valor praticado na revenda não é controlado diretamente pelo governo.
Implementada durante o governo Michel Temer (MDB), a política de preços era questionada pelos trabalhadores, que a responsabilizavam pelos valores excessivos do combustível e do gás de cozinha. A mudança foi aprovada pela diretoria executiva da Petrobras em reunião realizada nessa segunda feira (15).
A nova estratégia, conforme consta em nota divulgada pela estatal, usará referências como o custo alternativo do cliente e o valor marginal para a empresa. O primeiro “contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos, já o valor marginal é baseado no custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia, dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino”, explica a nota.
“Com essa estratégia comercial, a Petrobras vai ser mais eficiente e competitiva, atuando com mais flexibilidade para disputar mercados com seus concorrentes. Vamos continuar seguindo as referências de mercado, sem abdicar das vantagens competitivas de ser uma empresa com grande capacidade de produção e estrutura de escoamento e transporte em todo o país”, destacou Jean Paul Prates.
O anúncio, afirma a Petrobras, “encerra a subordinação obrigatória ao preço de paridade de importação, mantendo o alinhamento aos preços competitivos por polo de venda, tendo em vista a melhor alternativa acessível aos clientes”.
O coordenador geral do Sindipetro, Valnísio Hoffmann, afirma que a política de preços anterior favorecia somente importadores e acionistas. De acordo com ele, nos últimos dois anos, a estatal distribuiu mais de R$ 200 bilhões em dividendos para acionistas “e a população chegou a pagar R$ 8,00 na gasolina e mais de R$ 100,00 no gás de cozinha”. Ele explica que 85% do combustível comercializado em território nacional é produzido no país, mas 15% é proveniente de importação. Portanto, a política de preços implementada por Michel Temer igualava o valor dos 85% ao do restante.
“A gente costuma fazer uma analogia. Eu vou numa papelaria comprar cinco canetas. Uma é importada. As outras são feitas aqui, e bem mais baratas. Aí o dono da papelaria quer igualar o valor das canetas daqui ao da importada, encarecendo muito o produto”, diz Hoffmann.
Para o dirigente sindical, “valeu a luta” pela mudança na política de preços, travada pelo sindicato nos últimos anos, mas a mobilização vai continuar, segundo ele, diante da necessidade “abrasileiramento da produção”, ou seja, o aumento do parque de refino, garantindo a autossuficiência da produção, portanto, que 100% do combustível seja fabricado no país.
Desde a implementação da paridade de preços do petróleo e dos combustíveis derivados com o dólar e o mercado internacional, em 2016, o Sindipetro vinha fazendo manifestações pela revogação e conscientizando a população de como a iniciativa do governo Michel Temer afetava negativamente no preço cobrado aos consumidores.
Além de protestos, o sindicato organizou distribuição de vale gás, em diversas localidades do Estado, com valor subsidiado pela entidade para mostrar qual deveria ser o preço se não houvesse a paridade. Também fez o mesmo em postos de gasolina do Espírito Santo com a gasolina e o diesel.