Neste sábado (26), produtores ligados à Associação dos Avicultores do Espírito Santo (Aves) realizaram a doação de 100 mil frangos e 360 mil ovos em Vitória, em frente à Assembleia Legislativa.
Outras 500 mil aves já estão prontas para nova doação, segundo Fábio Boldt, porta-voz da Aves. “Fizemos o ato em frente à Assembleia pra sensibilizar as autoridades. Não somos contra a manifestação dos caminhoneiros, mas o problema é que uma pequena minoria não está deixando os caminhões com soja e milho passar”, conta o porta-voz, lembrando que o Espírito Santo não produz milho e soja para ração, sendo necessários trazer de outros estados, via rodovias, todo o estoque necessário para produção de ração.
Santa Maria de Jetibá é o segundo maior produtor de ovos do Brasil, com um plantel de 20 milhões de aves de granja. E boa parte deles estará sob risco de morte a partir deste domingo (27), caso o alimento não chegue ao Estado.
“Muitos animais estão passando fome. Não só galinhas de granja, mas frangos de corte, pintinhos, suínos. Toda a cadeia está sofrendo”, conta.
A greve
A greve nacional dos caminhoneiros teve início na última segunda-feira (21) e já trouxe o caos a pelo menos 23 estados brasileiros e o Distrito Federal, incluindo o Espírito Santo, onde pelo menos 15 bloqueios em estradas já provocaram falta de combustíveis na maior parte dos postos e no Aeroporto de Vitória.
Também já é registrada redução grave da entrega de alimentos na Central de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa) e, consequentemente, nos mercados e supermercados. Até o abastecimento de água tratada, pela Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) está ameaçado, caso a greve perdure, devido à falta de entrega de produtos químicos usados nas Estações de Tratamento de Água (ETAs).
O movimento grevista exige a redução do preço do óleo diesel, por meio de uma pauta de mais de 10 pontos de reivindicação, sendo o principal, o fim definitivo da cobrança do imposto PIS/Cofins, além da eliminação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre o diesel.
A mobilização é feita basicamente por três entidades: a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que organiza os bloqueios nas estradas, e, atuando mais diretamente na negociação com o governo federal e contato com a mídia, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que congrega a maioria dos sindicatos de motoristas autônomos, e a União Nacional dos Caminhoneiros do Brasil (Unicam).
Uma tentativa de acordo entre o governo federal e as entidades patronais dos caminhoneiros foi feita durante todo a quinta-feira (24), mas não atendeu à principal reivindicação dos grevistas, de isenção do PIS/Cofins, sendo mantida a paralisação por tempo indeterminado.