Na gestão do presidente Léo de Castro, que encerra o mandato em julho, mais de 400 trabalhadores foram demitidos
A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) anunciou nesta quarta-feira (20) a demissão de 249 trabalhadores e, em nota, justificou a medida em decorrência da “perda de receita de R$ 51,4 milhões neste ano, em função da Medida Provisória (MP) 932, que reduziu em 50% os repasses para o Sistema S (dentre eles Sesi e Senai) e também devido à queda de receitas de serviços”.
Os cortes foram definidos em reunião online do Conselho do Sistema Findes, ocorrida nessa segunda-feira (18), que aprovou um plano de demissão de 19% da folha do sistema. Por incluir o Sesi [Serviço Social da Indústria] e Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial], as demissões atingem funcionários admitidos por meio de processo seletivo, e, por isso, só poderiam ser demitidos por justa causa.
O presidente do Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais e de Orientação Profissional (Senalba), Wanderci Soares Neto, disse que acredita que, em alguns casos, a situação poderá ser revertida, como ocorreu entre 2018 e 2019, quando o Sistema Findes demitiu cerca de 200 pessoas. Chamam a atenção a demissão de trabalhadores com estabilidade e outras recentemente reintegradas pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
Esse é o caso de Robson Cardoso, que foi diretor regional do Senai; Ewandro Petrochi, diretor do Senai Beira-Mar, Vila Velha e Serra; Gisele, gerente do Sesi Saúde; Carla Marchini, gerente de Jardim da Penha; e outros da gerência de Cachoeiro; Leonardo Gadioli, de Campo Grande e Porto de Santana; Leonardo Mello, de Aracruz; Sérgio Frasson, de Vila Velha; Giovani Gujanski, de Vila Velha; Laura, da Gerência de Educação Profissional na sede; Rosana Balieiro, que atua na sede; e outros que ainda não foram notificados, o que deve ocorrer nesta quinta-feira (21).
Durante a atual gestão, presidida por Léo de Castro, que se encerra em julho deste ano, mais de 400 funcionários já foram demitidos. Muitos questionam se há descumprimento de sentença judicial e qual a razão para não usar a previsão legal de reduzir salários ou suspender o contrato de trabalho.
Em nota distribuída à imprensa, a Findes, depois de informar projeção de perda estimada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), em função da pandemia do coronavírus, esclarece: “No Espírito Santo, o Tribunal de Contas prevê R$ 4 bilhões a menos de arrecadação estadual e o governo do Estado já anunciou cortes de R$ 3,4 bilhões. O Sistema Findes sofrerá uma perda de receita de R$ 51,4 milhões no ano, em função da MP 932, que reduziu em 50% os repasses para o Sistema S (dentre eles Sesi e Senai), e também devido à queda de receitas de serviços”.
“Diante desse cenário, a diretoria decidiu adotar medidas de contenção, como redução drástica de contratos, investimentos e despesas correntes. Como isso não foi suficiente, fomos forçados a promover o desligamento de colaboradores, adotando também suspensão de contrato de trabalho e redução de 25% de jornada e salário, por três meses, para todos os colaboradores que permanecerem nos quadros”, diz o texto.
Medidas semelhantes, prossegue o documento, estão sendo adotadas na maioria das Federações de Indústrias de outros estados, e muitas optaram por fechar unidades do Sesi e do Senai. “Destacamos que isso não ocorrerá no Espírito Santo: todas as unidades serão mantidas e os serviços, continuados”, acrescenta.
Segundo a Findes, “os colaboradores desligados contarão com extensão de três meses no plano de saúde, dois meses de tícket alimentação e receberão mentoria para recolocação. A rescisão será paga integralmente e, quando houver a retomada do volume de produção, eles poderão participar de processos para recontratação”.