Alunos de escola estadual de Rio Novo do Sul desenvolveram um aplicativo com informações seguras sobre a pandemia
A iniciativa partiu de três estudantes da Escola Estadual Waldemiro Hemerly: Sara Bayerl, Pietra Távora e Brenno Wetler. A ideia era desenvolver uma ferramenta para divulgação de informações corretas durante a pandemia, combatendo a onda de notícias falsas que crescia junto com a Covid-19.
Orientados pelos professores Tarcísio Leite dos Santos e Guilherme Ribeiro, os estudantes desenvolveram o aplicativo “CuidaApp: a saúde na palma da mão”, destinado a moradores do município localizado no sul do Estado. A ferramenta oferece entrevistas com especialistas, informações contra a automedicação, um quizz informativo, além de uma lista de farmácias locais.
“No pico da pandemia, vimos muita fake news a respeito de métodos de prevenção e utilização de medicamentos. Então, os alunos criaram esse aplicativo para mostrar pesquisas mais aprofundadas, podcasts e entrevistas com médicos e enfermeiros, para tentar minimizar esse problema”, ressalta Tarcísio Leite.
O aplicativo também conta com um boletim de monitoramento, que dá acesso a dados da pandemia a nível municipal, estadual e nacional. “Era um momento de muita incerteza. Então, saber que a gente estava criando algo que poderia ajudar as pessoas, foi gratificante”, afirma um dos alunos, Breno Wetler.
Para a programação do CuidaApp, os participantes contaram com a ajuda do estudante Fernando Bueno Dansi, do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), que ensinou toda a parte técnica. “Outro ponto importante foi esse. Eles puderam aprender, também, toda a parte da programação”, explica Tarcísio.
Em um contexto de falta de investimentos na educação brasileira, o projeto também mostra o potencial dos estudantes para ações de impacto. “O que fica para mim é essa valorização da escola pública. Eu fiquei muito feliz pelo pontapé inicial ter saído deles, no meio de uma pandemia, estando em casa. Partiu de alunos de 15, 16 anos, que puderam mostrar para o mundo que a ciência muda vidas”, declara o professor.
É o que também afirma Gabriel Salgado, coordenador do programa Criativos da Escola, que premiou o projeto capixaba. Segundo ele, a maioria das iniciativas premiadas surge em escolas públicas. “Esses meninos e meninas, se juntando coletivamente, estão dizendo muito para nós. Eles mostram que não são o foco dos problemas. Eles são fontes de informação, transformação. Olhando para o contexto de desinformação, apresentaram uma solução criativa, mobilizando os recursos que achavam viáveis”, ressalta.
Após a premiação, em 2020, os alunos se tornaram parte do grupo de embaixadores do programa Criativos da Escola, podendo participar de rodas de conversa e campanhas de mobilização.
O prêmio
A premiação do programa Criativos da Escola é realizada anualmente pelo Instituto Alana, com o objetivo de reconhecer projetos desenvolvidos por estudantes em todo o Brasil. Podem participar estudantes dos Ensinos Fundamental I, Fundamental II e Médio, com apoio dos educadores.
Para a seleção dos 50 premiados, quatro critérios são levados em consideração: o protagonismo dos estudantes, as condições do trabalho em equipe, a criatividade das iniciativas, e o olhar empático dos alunos para a sociedade em que vivem.
“São muitos alunos e alunas que, todos os dias, fazem ações de transformação. Muitas vezes falam que eles não querem nada com nada, mas a gente chega a projetos incríveis como esse, mostrando não só que eles estão interessados, mas podem promover transformação na comunidade em que estão inseridos”, declara Gabriel.