quinta-feira, novembro 21, 2024
24.4 C
Vitória
quinta-feira, novembro 21, 2024
quinta-feira, novembro 21, 2024

Leia Também:

Disputa para Reitoria da Ufes envolve chapas do campo progressista

Edinete Maria Rosa e Eustáquio de Castro apresentam propostas e se movimentam para fechar alianças

Divulgação

O período de campanha do processo eleitoral para a Reitoria da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) teve início oficial nesta segunda-feira (25). Pela manhã, foi feito o sorteio dos números a serem utilizados pelos concorrentes aos cargos de reitor e vice-reitor para o quadriênio 2024-2028: a chapa Nossa Ufes – Incluir, Construir e Transformar utilizará o número 10, e a chapa Ufes+, o 20. As duas chapas são consideradas como pertencentes ao campo ideológico progressista, ainda que representem grupos diferentes. O primeiro turno está marcado para 8 de novembro.

A Chapa 10 tem como candidato a reitor Eustáquio Vinicius Ribeiro de Castro, professor do Departamento de Química e vice-diretor do Centro de Ciências Exatas (CCE), e como vice, a professora Sonia Lopes Victor, do Departamento de Teorias do Ensino e Práticas Educacionais. Formada a partir do movimento #Ufes_Com_Orgulho, é mais próxima do atual reitor da Ufes, Paulo Vargas.

Já a Chapa 20 é encabeçada por Edinete Maria Rosa, professora do Departamento de Psicologia Social e do Desenvolvimento e diretora do Centro de Ciências Humanas e Naturais (CCHN), e tem como vice Maria Lúcia Teixeira Garcia, docente do Departamento de Serviço Social. A candidatura foi construída a partir do Movimento Ufes+, e promete abarcar propostas da professora Ethel Maciel – candidata mais votada na pesquisa informal de 2019, mas preterida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

No caso do bloco liderado por Edinete Maria Rosa, uma das principais bandeiras é a representatividade feminina, mas a professora prefere usar o termo “princípios” em vez de “ideologia”. “Nós lutamos para que chegue à Reitoria uma mulher, porque a Ufes tem quase 70 anos de existência e nunca tivemos uma mulher nomeada. A primeira eleita, no pleito passado, foi a professora Ethel, que não foi nomeada pelo governo Bolsonaro. Então, nós queremos romper com essa hegemonia masculina, mostrar que a mulher sabe, sim, fazer gestão, é competente e atenta às necessidades da comunidade”, destaca. 

Já Eustáquio Vinicius Ribeiro de Castro fala em “pacificar” a Ufes após um período turbulento, durante o qual se enfrentou a pandemia da Covid-19 e o sucateamento das instituições de ensino durante o governo Bolsonaro. “A nossa proposta vem no sentido de pacificar a universidade, cuidar das pessoas, dos professores, dos técnicos e, especialmente, dos alunos, que é a parte mais importante que nós temos. A gente quer produzir um serviço – tanto no ensino quanto na pesquisa e na extensão – com qualidade e efetividade, mas também com muita afetividade. Por isso que o nosso foco é nas pessoas, para que tenham conforto e paz para trabalhar”, pontua.

Alianças 

Perguntado sobre sua posição em relação ao atual reitor da Ufes, o professor Eustáquio afirma que a sua proximidade “é com a universidade”, e que não é “candidato de reitor, de A, de B, de C”. Mas se diz aberto a encampar o apoio de quem quer que seja, e afirma estar em um arco de alianças pragmático, que envolveria o apoio de oito dos onze diretores de centros da universidade.

“Qualquer pessoa, qualquer grupo que eu ache que tenha projetos que atendam a universidade, eu quero apoio – seja da gestão, seja fora da gestão. Eu já fiz parte de outras gestões, não fiz parte desta. Mas essa gestão (de Paulo Vargas) tem muita coisa boa que foi feita, houve avanços. A gente não pode simplesmente ser oposição por oposição. Aquilo que é bom para a comunidade, que é bom para a sociedade, nós temos que apoiar”, defende.

Na visão da professora Edinete, porém, é necessário romper com um grupo que, segundo ela, está na gestão da Reitoria há muitos anos. “Nós queremos trazer uma gestão mais técnica para a universidade, uma modernização da gestão”, complementa.

Quanto ao arco de alianças da chapa concorrente, ela rebate, dizendo que seu grupo tem o apoio não de oito diretores, mas de todos os onze centros – uma vez que as alianças da sua chapa, em sua perspectiva, seriam mais focadas em professores, técnicos e alunos que compõem a base da comunidade acadêmica, e não nos diretores e na “política de gabinete”.

Propostas

Em relação às propostas, os dois concorrentes citaram como um dos principais pontos a necessidade de garantir a permanência estudantil na universidade. Por parte da Chapa 10, Eustáquio citou o reforço às bolsas para estudantes. Já na Chapa 20, Edinete afirma que um dos focos será a defesa de moradia estudantil.

Eustáquio também citou a melhoria da acessibilidade física da Ufes e aprimoramento da relação com o Estado e os municípios como demandas importantes. Já Edinete colocou desburocratização de processos e apoio à saúde na comunidade acadêmica, sobretudo saúde mental, como questões fundamentais.

Os planos de trabalho das duas chapas deverão ser entregues até a próxima sexta-feira (29) à Comissão Eleitoral.

Ecos da eleição passada

Apesar de ter sido a mais votada na pesquisa informal realizada em 2019, a professora Ethel Maciel – atual secretária nacional de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde – não foi nomeada como reitora por Jair Bolsonaro. O presidente não é obrigado a nomear o mais votado da lista tríplice, mas a medida representou a quebra de uma tradição que vinha se mantendo no Governo Federal nas últimas décadas.

Mesmo reconhecendo o ataque à autonomia universitária com a não nomeação de Ethel, fontes ligadas à atual Chapa 10 criticam a visão da professora de colocar Paulo Vargas como um interventor, lembrando que o atual reitor também estava na lista tríplice de 2019 e fazia parte do mesmo grupo de Ethel.

Já da perspectiva de pessoas ligadas à Chapa 20, a visão é de que a nomeação de Ethel significou um retrocesso, e de que Vargas, uma vez assumindo como reitor, preferiu “deixar as pessoas que já estavam lá” na Reitoria.

Mais Lidas