Bloco foi o mais votado no pleito desta semana e estará na diretoria no período 2023-2024
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) anunciou, nesta sexta-feira (27), que a “Chapa 1 – Abre Alas” foi a eleita para assumir a gestão da entidade no período 2023-2024, com 1.391 votos. Sua única concorrente era a “Chapa 2 – DCE é Pra Lutar”, que recebeu 612 votos. O resultado definitivo será divulgado na próxima segunda-feira (30), após o período de recursos, e a posse da nova diretoria está marcada para 8 de novembro.
Ao todo, a diretoria do DCE conta com 19 cargos. A Chapa 1 deverá encaminhar à Comissão Eleitoral a lista dos nomes que atuarão na gestão até o dia 5 de novembro, bem como daqueles que atuarão nos conselhos universitários. Nesse último caso, a Chapa 2 também deverá fazer indicações, mas em menor número.
A chapa vencedora conta com 288 estudantes inscritos, dentre eles, o último presidente do DCE, Emanuel Couto. Ela é formada pelos movimentos Enfrente, Movimento Popular da Juventude (MPJ), Levante Popular da Juventude, Kizomba, Para Todos, União da Juventude Socialista (UJS) e Movimento Participa.
A chapa chegou a ser indeferida por não cumprir as cotas para pessoas trans/travestis/não-bináries e estudantes dos campi de Alegre, mas, após recurso e nova apresentação de documentação, conseguiu reverter a situação.
Entre as suas propostas estão: Restaurante Universitário (RU) com preços acessíveis; moradia estudantil em todos os campi; implementação de cotas para pessoas trans; melhorias na infraestrutura da universidade; e políticas para cultura e esporte.
“Abre Alas para as mulheres, para os negros, indígenas, quilombolas, para a comunidade LGBTI+, para as pessoas com deficiência e para a permanência. Por uma universidade pintada de povo”, comemorou a chapa nas redes sociais.
Já a Chapa 2, com 135 estudantes, é constituída pelos movimentos Unidade Popular (UP), União da Juventude Comunista (UJC), Movimento por uma Universidade Popular (MUP), Ecoar e Correnteza. O bloco se colocou como oposição desde o início da campanha, mesmo que inclua grupos que participaram da última gestão, como UJC e Ecoar.
Nos últimos dias de campanha, a Chapa 1 postou em seu Instagram vídeos de apoio de quatro parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT): a vereadora de Vitória Karla Coser, a deputada estadual Iriny Lopes, a deputada federal Jack Rocha e o também deputado federal Helder Salomão. Para Chapa 2, quem pediu voto foi o presidente nacional do partido Unidade Popular (UP), Léo Pericles, que se candidatou à Presidência da República em 2022.
O DCE atuou este ano em importantes pautas para a comunidade acadêmica, como a realização de protestos contra os cortes na Educação e o novo ensino médio; pelo direito à alimentação e permanência na Ufes, após suspensão das atividades do Restaurante Universitário (RU), que culminou na ocupação da Reitoria por três dias; e por garantia de acessibilidade na universidade.
Reta final quente
A campanha eleitoral do DCE teve menos de um mês de duração, mas o clima esquentou entre as chapas nos últimos dias. Chamada de “irresponsável” por faltar a um dos debates, em Alegre, a Chapa 2 alegou que o horário marcado era inviável para estudantes que estudam e trabalham. O bloco também se desculpou por “falas equivocadas” sobre o movimento negro “em um momento onde o debate estava muito acalorado”.
A Chapa 2, porém, atacou a Chapa 1 por ter em sua composição o Movimento Participa, que segue a linha política do partido do governador Renato Casagrande (PSB), que, por sua vez, nomeou o Coronel Ramalho (Podemos) para chefiar a área de segurança do Estado. “Essa associação dificulta consideravelmente a concretização da proposta de retirada da Polícia Militar dos campi da Ufes” afirmou em nota. No último dia de campanha, a “DCE é Pra Lutar” protestou contra uma suposta pichação feita por uma integrante do bloco concorrente em uma pintura de sua campanha.