Mudança foi anunciada pela Prefeitura de Vitória sem diálogo, apontam responsáveis e profissionais
Mais um colégio da rede municipal de ensino de Vitória pode vir a ser integral mesmo sem a concordância da comunidade escolar. Trata-se do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Jacy Alves Fraga, em Tabuazeiro. Os responsáveis pelos estudantes questionam a mudança, pelo fato de que as aulas terminarão às 16h, o que os impossibilita que busquem as crianças, por ser horário de trabalho. Há aqueles que defendem, ainda, a permanência em casa em um turno, e assim preferem, o que entendem como um direito das famílias.
Professores também apontam prejuízos para a categoria, que passaria, obrigatoriamente, a trabalhar o dia todo no CMEI. Pai de um aluno, o microempresário José Carlos Durans relata que, caso os responsáveis não possam ou não queiram matricular a criança na escola de tempo integral, terão que encaminhá-la para as dos bairros São Cristóvão ou Maruípe, pois não há outras opções na comunidade.
De acordo com ele, devido aos questionamentos, chegou a ser marcada uma reunião no final de julho, à noite, com a secretária municipal de Educação, Juliana Roshner Toniati. Contudo, foi desmarcada pela pasta, que alegou “motivo maior”. A reunião foi remarcada para outro dia, às 7h, horário que, conforme afirma José Carlos, é mais difícil para os responsáveis por causa do trabalho. Por isso, poucas pessoas compareceram.
O CMEI irá funcionar de forma integral em uma nova infraestrutura, que está sendo construída. Na reunião, informa José Carlos, foi proposto que isso acontecesse, mas que o imóvel atual continuasse funcionando como um CMEI, só que não de forma integral, para atender a demanda de quem não pode ou não quer aderir ao outro modelo.
José Carlos se queixa, ainda, de ter sido feita, no mês passado, uma votação virtual para saber o posicionamento da comunidade escolar, mas havia somente as opções pelo ensino integral ou de ir para escola de outro bairro. Não havia, portanto, a opção de não querer o integral.
Na ocasião, informa o integrante do Conselho de Escola e pai de uma aluna, Arlindo de Almeida, Juliana disse que a própria direção da unidade de ensino solicitou a mudança. Contudo, afirma, não há registro nenhum nesse sentido em documentos ou e-mail. Outro argumento apresentado pela gestora foi de que o prefeito Lorenzo Pazolini foi ao bairro e conversou com moradores, que sinalizaram positivamente para a possibilidade de mudança. A informação também é contestada. “Tenho certeza que esses representantes da prefeitura que vieram aqui, se precisassem voltar sozinhos, não saberiam nem chegar”, aponta Arlindo, evidenciando o distanciamento e a falta de conhecimento da gestão sobre a região.
Além da imposição, a mudança para o tempo integral tem sido questionada porque a escola não tem infraestrutura para isso. Arlindo relata que o CMEI se situa em um beco e não tem acessibilidade para pessoas com deficiência nem proporciona condições para que isso seja feito. Também não tem saída de emergência e um terreno foi desapropriado há cerca de 10 anos para ampliação, como forma de resolver os problemas de infraestrutura, o que não foi concretizado.