O Conselho Municipal de Educação de Vitória (Comev) está fazendo um novo mapeamento do número de trabalhadores do quadro geral e do magistério que faltam na rede municipal de ensino. A iniciativa se assemelha à que foi feita em abril deste ano pelo colegiado. Seu objetivo é traçar um panorama da realidade das unidades de ensino para sanar os problemas antes do ano letivo de 2023. Para isso, a meta é que o relatório seja finalizado em meados de outubro.
No mapeamento feito no primeiro semestre deste ano, constatou-se que 97,7% das unidades de ensino apresentavam quadro de professores incompleto. Um dos problemas em comum entre as escolas era a dificuldade para organização dos horários por causa da indisponibilidade de docentes para completar carga horária “quebrada”, ou seja, abaixo de 25 horas semanais, o que atrapalhava o colégio a conseguir profissional para Carga Suplementar de Trabalho e para cobrir as licenças médicas e falta de professores.
Para fazer o mapeamento, serão visitadas quatro Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEFs) e três Centros Municipais de Ensino Fundamental (CMEIs) de cada uma das oito regiões da cidade. O representante do magistério no Comev e diretor executivo do grupo Professores Associados pela Democracia de Vitória (PAD-Vix), Aguinaldo Rocha de Souza, acredita que, em comparação ao mapeamento anterior, a situação de falta de profissionais pode ter piorado.
“A gestão de Lorenzo Pazolini [Republicanos] teve tempo para desenvolver políticas para resolver o problema, mas não fez, e insiste em um modelo de educação que apontamos não ser ideal. Não se faz educação de qualidade sem ouvir quem está na escola”, diz.
Além da falta de profissionais, Aguinaldo aponta outros problemas vividos na rede municipal de ensino e que foram relatados em 22 de agosto para o promotor Dilton Depes Tallon Netto, do Ministério Público do Espírito Santo (MPES). Um deles é o desjejum. Segundo Aguinaldo, durante a primeira aula os estudantes saem da sala para fazer um lanche. Isso anteriormente era feito em algumas escolas antes de começar a aula para não atrapalhar, e com foco em alunos com demandas nutricionais, agora é feito em todas.
“Entendemos a importância da complementação alimentar, mas a forma como isso está sendo feito criou um problema que afeta o processo de ensino aprendizagem”, diz. Além disso, de acordo com o representante do magistério no Comev, a gestão de Lorenzo Pazolini “acena para a possibilidade de fechamento de salas e unidades de ensino”. “O argumento é a evasão escolar, mas temos demandas para essas salas e a gestão sabe. Diante da evasão, quem fez busca ativa foram as unidades de ensino. O município não gastou um centavo com busca ativa usando a comunicação, como campanhas na TV, panfletos, etc. Não usou a máquina pública”, denuncia.