“Podemos perceber que ele é um profissional que sempre atuou na área administrativa/contábil de grandes corporações da iniciativa privada. Nesse sentido, os munícipes de Vitória devem ficar atentos para a propagação de um discurso que sustenta que a qualidade da educação implicaria na adoção da lógica das empresas na escola, o que não deu certo em nenhum lugar do mundo”, diz a nota.
O documento prossegue afirmando que “políticas educacionais sustentadas na parceria público-privada por meio de contratação de ONGs com pacotes estandardizados, com projetos descontextualizados, não respeitando a multiplicidade curricular de cada Unidade de Ensino, ferindo sua autonomia, a gestão democrática, o controle social e a garantia do direito à educação, têm sido deletérias pelo desinteresse de professores e alunos nos processos de ensinar-aprender que são únicos e subjetivos”.
O Comev alerta para “a existência de um pensamento sustentado na parceria público-privado por meio de contratação de ONGs, com projetos que não respeitam a multiplicidade curricular de cada Unidade de Ensino e nem as formas diversas de aprendizagem”. E acrescenta: “ao analisarmos as falas proferidas pelo secretário Aridelmo José Campanharo Teixeira, vimos que o mesmo apresenta um discurso que minimiza a complexidade do processo de aprendizagem. Então, questionamos: Como ficam os princípios Políticos, Éticos, Estéticos preconizados nas Diretrizes Curriculares?”.
Além disso, o Conselho afirma não compreender a necessidade “deliberada” de desqualificar a educação pública, “tendo em vista que não atuou na Educação Pública Básica, e, pelo que consta no seu currículo, apresenta pouco conhecimento da complexidade da Educação Básica, do Sistema de Ensino, dos processos de ensino aprendizagem para as etapas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental”.
O Comev recorda que, em sua fala, Aridelmo falou que a prioridade da atual gestão do município é com a saúde e a educação e que o ajuste fiscal é necessário, além de ter dito que o investimento para as áreas-fim é o foco da gestão. “Destacamos que a atividade-fim é um termo muito utilizado no meio empresarial, sendo consideradas atividades essenciais para o bom funcionamento de uma empresa. Analisando as falas do Sr. Aridelmo, pode-se perceber que ele desconsidera o trabalho docente como sendo essencial para a educação. Ora, se a atividade-fim é o que é essencial, entendemos que na educação, a aprendizagem é a atividade-fim e para que ocorra a aprendizagem é fundamental a mediação do/da professor/a. Portanto, não deveria a Gestão Municipal investir nesse profissional?”, questiona.
Para o Comev, quando Aridelmo diz que a educação de Vitória é de “péssima qualidade” ele culpabiliza os profissionais do magistério; as gestões municipais dos governos anteriores e, também, a atual, que, “após quase um ano de gestão, não investiu na melhoria da educação”; a Secretaria Municipal de Educação e suas equipes, “colocando em dúvida o trabalho desenvolvido pela assessoria da Seme junto às Unidades de Ensino, bem como a Política de Formação para os/as trabalhadores/as da educação”; as instituições formadoras, como universidades e faculdades; o Ministério Público, “que tem como função acompanhar e fiscalizar os investimentos que o município tem destinado à Educação de Vitória”; e as famílias e estudantes.
É destacado ainda que o secretário fez uma declaração “depreciativa da educação”, “baseada nas notas das avaliações padronizadas e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) como parâmetro único de ‘qualidade’, não levando em consideração os demais fatores que influenciaram e influenciam o processo de ensino aprendizagem”.
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