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Conselho protocola nota de repúdio contra a fala do secretário Aridelmo

À frente da Secretaria da Fazenda, gestor afirmou que a educação de Vitória é de péssima qualidade

O Conselho Municipal de Educação de Vitória (Comev) protocolou, nesta terça-feira (21), uma nota de repúdio contra a fala do secretário municipal da Fazenda, Aridelmo Teixeira, que durante a apresentação do projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA), em 22 de novembro, afirmou que “a educação de Vitória é de péssima qualidade”, pois “nossos alunos não aprendem”, causando indignação entre os docentes.

O documento foi protocolado nos gabinetes do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) e do presidente da comissão de Educação da Câmara Municipal, Leandro Piquet (Republicanos), e na Secretaria Municipal de Educação (Seme).

Foto: Divulgação

A nota conta com 1,2 mil assinaturas, entre pessoas físicas e entidades da sociedade civil organizada, como sindicatos, coletivos e movimentos sociais. Por meio dela, o Comev solicita retratação pública por parte de Aridelmo e afirma que, “para entender de onde esse senhor faz essa afirmação, buscamos analisar sua trajetória na área da Educação”.

Para isso, o conselho procurou o currículo Lattes do secretário, no qual consta que ele é fundador da Fucape Business School, onde também leciona, e foi presidente da Organização Não Governamental (ONG) Espírito Santo em Ação e coordenador do Comitê de Desenvolvimento do Capital Humano dessa mesma entidade.

“Podemos perceber que ele é um profissional que sempre atuou na área administrativa/contábil de grandes corporações da iniciativa privada. Nesse sentido, os munícipes de Vitória devem ficar atentos para a propagação de um discurso que sustenta que a qualidade da educação implicaria na adoção da lógica das empresas na escola, o que não deu certo em nenhum lugar do mundo”, diz a nota.
O documento prossegue afirmando que “políticas educacionais sustentadas na parceria público-privada por meio de contratação de ONGs com pacotes estandardizados, com projetos descontextualizados, não respeitando a multiplicidade curricular de cada Unidade de Ensino, ferindo sua autonomia, a gestão democrática, o controle social e a garantia do direito à educação, têm sido deletérias pelo desinteresse de professores e alunos nos processos de ensinar-aprender que são únicos e subjetivos”.
O Comev alerta para “a existência de um pensamento sustentado na parceria público-privado por meio de contratação de ONGs, com projetos que não respeitam a multiplicidade curricular de cada Unidade de Ensino e nem as formas diversas de aprendizagem”. E acrescenta: “ao analisarmos as falas proferidas pelo secretário Aridelmo José Campanharo Teixeira, vimos que o mesmo apresenta um discurso que minimiza a complexidade do processo de aprendizagem. Então, questionamos: Como ficam os princípios Políticos, Éticos, Estéticos preconizados nas Diretrizes Curriculares?”.
Além disso, o Conselho afirma não compreender a necessidade “deliberada” de desqualificar a educação pública, “tendo em vista que não atuou na Educação Pública Básica, e, pelo que consta no seu currículo, apresenta pouco conhecimento da complexidade da Educação Básica, do Sistema de Ensino, dos processos de ensino aprendizagem para as etapas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental”.
O Comev recorda que, em sua fala, Aridelmo falou que a prioridade da atual gestão do município é com a saúde e a educação e que o ajuste fiscal é necessário, além de ter dito que o investimento para as áreas-fim é o foco da gestão. “Destacamos que a atividade-fim é um termo muito utilizado no meio empresarial, sendo consideradas atividades essenciais para o bom funcionamento de uma empresa. Analisando as falas do Sr. Aridelmo, pode-se perceber que ele desconsidera o trabalho docente como sendo essencial para a educação. Ora, se a atividade-fim é o que é essencial, entendemos que na educação, a aprendizagem é a atividade-fim e para que ocorra a aprendizagem é fundamental a mediação do/da professor/a. Portanto, não deveria a Gestão Municipal investir nesse profissional?”, questiona.
Para o Comev, quando Aridelmo diz que a educação de Vitória é de “péssima qualidade” ele culpabiliza os profissionais do magistério; as gestões municipais dos governos anteriores e, também, a atual, que, “após quase um ano de gestão, não investiu na melhoria da educação”; a Secretaria Municipal de Educação e suas equipes, “colocando em dúvida o trabalho desenvolvido pela assessoria da Seme junto às Unidades de Ensino, bem como a Política de Formação para os/as trabalhadores/as da educação”; as instituições formadoras, como universidades e faculdades; o Ministério Público, “que tem como função acompanhar e fiscalizar os investimentos que o município tem destinado à Educação de Vitória”; e as famílias e estudantes.
É destacado ainda que o secretário fez uma declaração “depreciativa da educação”, “baseada nas notas das avaliações padronizadas e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) como parâmetro único de ‘qualidade’, não levando em consideração os demais fatores que influenciaram e influenciam o processo de ensino aprendizagem”.
Manifestações

Os professores já haviam se pronunciado sobre a fala do secretário em uma manifestação realizada em frente à Câmara de Vereadores, em 24 de novembro, que também foi motivado pela proposta e organização curricular de 2022. O protesto, que começou em frente à sede do legislativo municipal, terminou no plenário, onde ocorria a sessão ordinária, que foi encerrada diante do tumulto causado por ofensas proferidas pelo vereador Gilvan da Federal (Patri).
Foto: Leonardo Sá

Em 1º de dezembro aconteceram duas manifestações. Uma pela manhã, novamente em frente à Câmara, e a outra à tarde, em frente à Secretaria Municipal de Educação, que estava fechada mesmo sem que houvesse aviso prévio.

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