Famílias também querem que a Seme explique o motivo do PAD contra Madson
Uma comissão foi criada nessa terça-feira (10) para organizar uma manifestação pela suspensão do Processo Administrativo Disciplinar (PAD) aberto pela gestão do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) contra o professor Madson Moura Batista. A decisão foi tomada em reunião realizada pelas famílias da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Eliane Rodrigues dos Santos, na Ilha das Caieiras, na região da Grande São Pedro, onde o docente leciona.

O protesto, segundo Madson, que participou da reunião junto com representantes do grupo Professores Associados pela Democracia de Vitória (PAD-Vix), será na região da Grande São Pedro, para dialogar com as comunidades, deixando-as cientes do que está acontecendo.
Madson acredita que trata-se de perseguição política, pois foi aberto logo após ele criticar o fato de a prefeitura ter desistido de ofertar o 9º ano do Ensino Fundamental na Eliane Rodrigues dos Santos ou na Maria José Costa Moraes, em Santo André, conforme havia se comprometido a fazer.
A comunidade realizou um abaixo-assinado pela suspensão do PAD. “O professor Madson atua em nossa comunidade há 30 anos, sendo, para nós moradores, crianças e estudantes, uma referência profissional e humana. Sua dedicação e compromisso com a educação e o bem-estar de nossa comunidade são inegáveis, e sua presença tem sido fundamental para o desenvolvimento de muitos de nós”, diz o documento.
Durante a reunião, foi deliberado que o abaixo-assinado será entregue à Câmara de Vitória, à prefeitura e ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES). Além disso, a comunidade vai solicitar uma reunião com a secretária municipal de Educação, Juliana Roshner, para que explique as motivações do PAD.

Um dos representantes dos responsáveis pelos alunos, Jean Claudio Nascimento Marcos, acredita que o PAD de fato foi aberto diante das críticas de Madson. “Precisamos do Madson como professor. Como diretor do Eliane, como gestor, ele também foi muito bom. A comunidade ama ele, gosta”, diz. Ele também faz críticas à gestão municipal, que, de acordo com ele, não está aberta ao diálogo.
O diretor-executivo da Pad-Vix, Aguinaldo Rocha de Souza, durante a reunião, classificou a abertura do PAD como “uma injustiça com um professor que tem 30 anos de trabalho só no Eliane, que foi professor de pais de atuais alunos, de avós”. Aguinaldo destaca que o que Madson fez foi “simplesmente ser a voz que fala em nome daqueles e daquelas que muitas vezes não sabem o que está se passando”.
A gestão municipal não oferece o 9º ano desde a gestão de Luciano Rezende (Cidadania), responsabilidade que foi assumida pelo Governo do Estado, com aulas na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Elza Lemos Andreatta, na Ilha das Caieiras. Com a desistência da prefeitura, a gestão estadual assumiu novamente a oferta, mas dessa vez, no Centro Estadual de Ensino Fundamental e Médio em Tempo Integral (CEEFMTI) Dr. Agessandro da Costa Pereira (Escola Viva), em Comdusa.
Diante disso, Madson, em entrevista a Século Diário e em vídeo postado em suas redes sociais, apontou que, além da dificuldade de locomoção, muitos alunos não tinham condições de estudar numa escola integral. “O integral é importante, mas não pode ser a única opção. Vários estudantes querem ingressar num estágio ou no programa Menor Aprendiz para ajudar financeiramente em casa. Em outros casos, os filhos maiores cuidam dos menores para a mãe poder trabalhar, pois ela é a única que sustenta a casa”, disse.
O professor destacou, ainda, que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) estabelece que o município deve oferecer a Educação Infantil, mas prioritariamente o Ensino Fundamental. O docente, segundo responsáveis por alunos que preferem não se identificar por temer represálias, é muito querido. “Ele faz parte da nossa comunidade há muitos anos, é nossa referência. É um absurdo o que a prefeitura está fazendo contra ele”, protestam.
Audiência pública
A comunidade também vai participar de uma audiência pública nesta quinta-feira (12), na Câmara, às 18h30, sobre a oferta do 9º ano nas escolas municipais da Grande São Pedro. O debate, puxado pelo vereador Professor Jocelino (PT), é um pedido de lideranças comunitárias da região.
Serão convidados representantes da Secretaria Municipal de Educação (Seme), da Secretaria Estadual de Educação (Sedu), do Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública no Espírito Santo (Sindiupes) e do Grupo de Professores Associados pela Democracia de Vitória (Pad-Vix). Jocelino informa que convidará, ainda, vereadores da Grande São Pedro, como Aloísio Varejão (PSB), André Brandino (Pode) e Mara Maroca (PP), além daqueles situados no campo mais progressista, como Karla Coser (PT), Pedro Trés (PSB), Bruno Malias (PSB) e Ana Paula Rocha (Psol).
“As famílias reclamam muito, pois não havendo 9º ano perto de casa, os adolescentes têm que se deslocar muito tempo a pé, pegar transporte coletivo ou pagar uma van. Nos próprios bairros têm escolas onde podem estudar. Em Nova Palestina, por exemplo, tem a EMEF Neusa Nunes Gonçalves, que não precisaria se deslocar para longe”, aponta o vereador.
Jocelino afirma que o objetivo é que as gestões estadual e municipal informem se há um planejamento sendo feito para que o 9º ano do Ensino Fundamental possa ser ofertado em escolas da Grande São Pedro a partir do ano letivo de 2026 ou até mesmo em 2025. “Houve uma falha no diálogo entre a prefeitura e o Governo do Estado. Eles precisam dialogar com antecedência para planejar o futuro de centenas de adolescentes”, cobra.