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Comunidades mobilizam ato em frente a escola na volta às aulas

Moradores de Guarapari cobram condições dignas para alunos da única escola de Ensino Médio no Norte do município

Única escola de ensino médio da região norte do município de Guarapari, atendendo pelo menos sete bairros do entorno, a EEEFM Leandro Escobar, em Perocão, vai começar o próximo ano letivo cercada de tapumes e incertezas. A população local promete realizar um ato em frente à escola na manhã de quinta-feira (2), primeiro dia de aula. As obras para reconstrução da escola começaram em 2022 e ocorreram ao lado do local onde ocorriam as atividades escolares, gerando vários transtornos relatados por mães, professores e funcionários da escola ouvidos pela reportagem.

Atualmente, confirma a Secretaria de Estado da Educação (Sedu), a obra está paralisada “devido a problemas encontrados durante a execução da infraestrutura do bloco de ampliação, que demandam ajustes de projeto e orçamento”. A população chegou a sugerir um local em bairro vizinho com infraestrutura para instalar provisoriamente a escola, mas não houve acordo da Sedu com os proprietários para uma contratação emergencial. Diante da impossibilidade, a secretaria informou que foi realizada uma chamada pública para locação de imóvel na região, mas não informou quando esse processo será concluído.

Na comunidade escolar, o clima é de insatisfação. Segundo a Sedu, há 485 alunos matriculados este ano, número que já foi maior, por volta de 600, segundo membros da comunidade. Luciana Dutra, representante dos pais, mães e responsáveis na escola, conta que quem teve condições, transferiu os filhos para outras escolas, na região central, tendo que arcar com os custos de transporte, o que não é viável para todas famílias de bairros periféricos.

Luciana Dutra, representante de pais, mães e responsáveis, em frente à escola. Foto: Vitor Taveira

 “A escola já tinha muitas dificuldades por ser muito pequena, projetada há 35 anos atrás, em outra realidade. Agora estamos com muitas crianças, com salas pequenas, não tem sala de reunião, não tem sala de professores”, reclama. Para ela, no início das obras no ano passado a situação piorou. Mãe de uma aluna especial, ela aponta uma queda de rendimento significativa da filha. “Os jovens sem nenhum tipo de deficiência já tiveram dificuldades. Para os que possuem deficiência foi ainda pior”. Ela é uma das mães que considera não enviar filhos de volta às aulas nas atuais condições do local.

Atualmente são sete salas de aula consideradas pequenas por educadores e responsáveis pelas crianças, sem biblioteca ou sala de informática, com uma pequena sala para atendimentos. Luciana relata que nas reuniões de pais, mães e responsáveis, é necessário ocupar três salas diferentes, com os profissionais repassando as informações em cada uma. O refeitório foi apontado como muito pequeno pelos consultados pela reportagem e é ali que cuidadores realizam atenção a alunos especiais, mesmo sendo um lugar de fluxo, o que pode causar maior dispersão. A Leandro Escobar funciona nos três turnos, tendo Educação de Jovens e Adultos (EJA) no período noturno.

Em reportagem da Sedu de 13 de maio de 2022, ocasião em que o governador Renato Casagrande (PSB) junto com o secretário estadual de Educação Vitor de Ângelo visitaram escolas de Vitória, Cariacica e Guarapari, a pouco meses da proibição desse tipo de evento por conta do calendário eleitoral, os gestores anunciaram que a EEEFM Leandro Escobar “será contemplada com a reconstrução da unidade de ensino, que passará a ter dez salas de aula – três a mais do que a atual estrutura –, biblioteca, laboratório, além de setores administrativo e de serviços completo”.

A obra no local, para o qual foi contratada por licitação a empresa Deck Construtora e Incorporadora, teve orçamento de quase R$ 5,6 milhões e prazo inicial 900 dias, sendo que ambos provavelmente serão ampliados. Segundo informaram os membros da comunidade escolar, uma nova estrutura seria construída ao lado da atual, onde está atualmente a quadra de esportes, e depois a estrutura antiga seria demolida. De acordo com o portal Transparência ES, a obra teria sido paralisada no dia 1º de julho, com execução financeira de cerca de R$ 110 mil até o momento. A Sedu não informou o motivo da interrupção, mas na comunidade escolar é dito que foi por conta de formações rochosas presentes, que precisam ser explodidas.

Seguem no local os tapumes que impedem o trânsito de pedestres na calçada, o contêiner que abrigava os trabalhadores e escombros de um muro derrubado na entrada da escola. Apesar da data de assinatura para contratação das obras ter completado um ano na última semana, a situação da transferência dos alunos para outro local ainda não foi resolvida. Com o ato na volta às aulas, os membros da comunidade querem cobrar respostas efetivas e uma solução definitiva o quanto antes. “Se ficar dando jeitinho, o Estado se acomoda”, disse um professor.

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