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Comunidades tiveram transporte escolar em quatro de 12 dias letivos deste mês

Até carro sem porta foi enviado para as crianças em Conceição da Barra, mas, para secretária municipal, serviço “está em dia”

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Invisibilidade institucionalizada em grau elevado. É o que se pode perceber da postura da Secretaria de Educação de Conceição da Barra, no norte do Estado, em relação ao transporte escolar de crianças e adolescentes residentes em comunidades quilombolas do interior do município e que estudam em escolas municipais e estaduais do distrito de Braço do Rio. 

Na Rota do Angelim, que passa por comunidades como Angelim 1, Angelim 2, Porto das Canoas e Queixada, o transporte só chegou até os estudantes em quatro dos doze dias letivos deste mês de novembro, sendo que em um deles, crianças chegaram em casa às três da tarde, devido a problemas no carro. 

Mãe de aluna em Angelim 2, Flavia dos Santos faz um resumo do mês: “Dia 3 não veio por causa da chuva; dia 4 teve problema com pneu; dia 7, problema com freio; dia 10 não sabemos o motivo; dia 16 veio sem cinto segurança; dia 17 não veio; dia 18 veio sem porta; dia 21 as crianças chegaram às 15 porque quebrou novamente; dia 22 avisaram que não vai passar por causa da chuva”.

Segundo o relato da mãe, o transporte somente funcionou nos dias 8, 9, 11 e 21 de novembro, sendo que, nessa segunda-feira, atrasou em cerca de três horas o retorno das crianças para casa. 

Na semana anterior ao feriado da Proclamação da República, Flávia conta que foi até a Superintendência Regional de Educação, em São Mateus, e registrou reclamação, tendo recebido cópia do seu relato e a explicação de que o recurso de responsabilidade do governo do Estado é repassado para a prefeitura, que faz a gestão do contrato com a empresa de transporte. Após o feriado, com a insistência do problema, ela se dirigiu até a prefeitura, onde foi pedido que não fizesse alarde, que tudo iria se resolver. Mas, ao contrário, parece ter piorado. 

“Há muito tempo reclamamos do transporte escolar da rota do Angelim. Toda semana tem um problema, está sempre quebrado. Esses últimos dias parece até pirraça, a cada reclamação dos pais, no outro dia o transporte falta. Estava sem pneu, no outro dia sem freio, depois, sem porta. Sem contar os dias que nem sabemos os motivos da falta”, conta a mãe. 

Questionada sobre as ausências com as comunidades quilombolas, a secretária de Educação, Cristiane de Sousa Sena, da gestão do prefeito Mateusinho do Povão (PTB), não reconheceu a demanda, numa explícita postura de invisibilização dos estudantes quilombolas. “O transporte escolar está em dia”, afirmou e reafirmou a secretária, ao ser alertada que sua afirmação colidia com o pleito das comunidades. 

“Já fizemos várias reclamações, não sabemos mais o que fazer, os órgãos responsáveis por essa demanda precisam fazer algo pelos nossos filhos. Um descaso, um abandono total, crianças do município de Conceição da Barra estão tendo negado o direito de ter acesso à Educação”, roga a mãe.

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