Pais de alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Hunney Everest Piovesan, em Santa Fé, Cariacica, afirmam viver um dilema: mandar ou não os filhos para a escola. A dúvida é motivada pelo medo de que contraiam Covid-19, já que cinco professores da unidade de ensino estão afastados por causa da doença e, também, alguns estudantes.
Segundo os pais, a preocupação é grande. Eles relatam que, com o retorno obrigatório das aulas, a frequência está sendo feita normalmente. “Ficamos num dilema terrível, pois não queremos enviar nossos filhos para a morte, porém, se não forem para a escola podem perder o ano. O colégio é muito grande, atende os três turnos e também vários alunos de diversos bairros de Cariacica. Ou seja, com a variante Delta no ar, há chance de mais professores e alunos se contaminarem”, desabafam os pais, que já acionaram a Vigilância Sanitária estadual e municipal, mas ainda não obtiveram retorno.
Trabalhadores da educação que atuam na escola afirmam que “não tiram a razão dos pais por estar preocupados”. Os profissionais afirmam que a situação é de medo, pois não sabem quantos contatos diários os professores que testaram positivo tiveram no ambiente escolar. Eles relatam que entre os contaminados estão docentes da Educação Especial, ou seja, que lidam com estudantes que fazem parte de grupo de risco.
Os trabalhadores informam que os colegas foram contaminados depois do retorno das aulas presenciais em esquema de rodízio diário, iniciado em 26 de julho. “O governo simplesmente tomou essa medida achando que a pandemia acabou, mas a gente está vivendo uma realidade muito complicada na escola”, apontam.
Autoritarismo
A integrante do coletivo de professores Educação Pela Base, Leilany Santos Moreira, acredita que o retorno das aulas presenciais em esquema de rodízio diário se deu de “forma autoritária”. Ela destaca que crianças e adolescentes vão para as escolas em ônibus lotado, sendo esse um dos fatores que podem disseminar a doença no ambiente escolar. A professora também afirma que não é possível cumprir os protocolos nos colégios.
Um exemplo dado por ela é o da limpeza, uma vez que há poucos profissionais para executar essa tarefa. Leilany salienta que o caso de Santa Fé não é o único. A integrante do Educação Pela Base relata que, em uma escola estadual de Aracruz, norte do Estado, sete trabalhadores foram afastados por causa da Covid-19. “Sem contar que muitas crianças e adolescentes são assintomáticos, podem ter e nem ao menos saber”, diz.
De acordo com Leilany, a maioria dos trabalhadores da educação não tomou a segunda dose da vacina. Ela afirma ainda que em muitas escolas os casos de Covid-19 são abafados pela própria gestão da unidade de ensino, pois alguns profissionais se afastam e a comunidade escolar nem fica sabendo. “É importante a parceria das famílias nesse processo, para ficar atentas e denunciar o risco de contaminação nas escolas”, alerta Leilany.