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‘Defendemos política salarial, e não compensação de caráter imediato’

Aguinaldo de Souza afirma que bônus e abono não fizeram tanta diferença na remuneração dos professores de Vitória

A expectativa dos professores da rede municipal de Vitória de que o contracheque do mês de dezembro seria mais “gordo” devido ao bônus desempenho e ao abono de R$ 1 mil “caiu por terra” quando o dinheiro entrou na conta. Muitos docentes tiveram os valores “engolidos” pelo imposto de renda, não fazendo tanta diferença o recebimento dos benefícios, o que, segundo o diretor executivo do grupo Professores Associados pela Democracia de Vitória (PAD-Vix), Aguinaldo Rocha de Souza, reforça a necessidade de “defender política salarial, e não compensação de caráter imediato”.

Aguinaldo explica que o bônus desempenho e o abono fizeram com que a alíquota do imposto de renda chegasse ao teto de 27,5%, sendo, em muitos casos, descontados integralmente, junto com parte do salário. A situação, explica, se agrava com os efeitos da reforma da Previdência aprovada em janeiro último e que elevou a alíquota de 11% para 14% sobre o salário dos servidores ativos e aposentados.

“Diante disso, reafirmamos: bônus desempenho e abono são políticas compensatórias de caráter imediato. A política salarial, que é o que defendemos, leva em consideração os impactos inflacionários, o ganho real”, ressalta.
O Projeto de Lei 134/2021, de autoria da gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos), que institui bonificação por desempenho para trabalhadores da educação, foi aprovado em agosto, apesar de ter sido questionado pelo Conselho Municipal de Educação (Comev), que fez críticas a questões como perder o benefício ao usufruir de direitos como licença prêmio, licença saúde e a chamada “licença nojo” (afastamento por luto em razão da morte de um parente).
Embora os docentes defendam política salarial, Aguinaldo salienta que a categoria não tem condições de, no atual contexto, recusar as políticas compensatórias. “Com inflação na casa dos dois dígitos, mais de 50% de perdas salarias, gás de cozinha a mais de R$ 100,00, gasolina a R$ 7,00, gente comendo osso, tudo subindo, as pessoas não têm como abrir mão”, desabafa.
Aguinaldo destaca que o cálculo do imposto de renda faz parte de uma política nacional, mas que a administração municipal é responsável pelo ocorrido não somente em decorrência da reforma, mas também em virtude da falta de uma política de valorização salarial do magistério.
Além disso, considera que valorização salarial “é algo que se leva para toda a vida”, tendo reflexo na aposentadoria e garantia de que o trabalhador irá receber mensalmente o dinheiro oriundo desse tipo de política. “Bônus e abono a gente recebe em dezembro, mas a partir de janeiro, como é que fica? Voltamos para a vida real”, aponta.
Ele informa que entre os docentes mais prejudicados foram os de início e meio de carreira e os trabalhadores em Designação Temporária (DTs). Esses últimos, aponta, estão em “situação complicada”, pois muitos contratos se encerram este mês e eles não sabem o que acontecerá em janeiro.
O professor também critica o fato de que o bônus desempenho não é concedido aos aposentados. De acordo com ele, há rumores de que esse grupo receberá o abono futuramente. “Muitos estão dizendo que o abono não supre os descontos da reforma. O que eles irão receber é um abono miséria, levando em consideração que a reforma destruiu a vida deles do ponto de vista financeiro”, denuncia.


‘As escolas não têm falta, têm professores usufruindo de direitos’

Aguinaldo Rocha de Souza questiona redução na bonificação por desempenho a cada dia de licença tirada em Vitória


https://www.seculodiario.com.br/educacao/as-escolas-nao-tem-falta-tem-professores-usufruindo-de-direitos

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