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Ensino remoto na Ufes exclui estudantes com deficiência, repudiam Coletivos

Nota de Repúdio contra o Earte pede que aulas retomem apenas presencialmente, com segurança para todos

Quando as mães especiais vão à luta todas as portas se abrem”. Com essa palavra de ordem, o Coletivo Mães Eficientes Somos Nós tem recebido o apoio de diversos outros coletivos e entidades relacionadas à educação e aos direitos da pessoa com deficiência no Espírito Santo em uma nota de repúdio que pede à Reitoria da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) que não aprove o Ensino de Aprendizagem Remota Temporária e Presencial (Earte), programa que integra a atual proposta de planos de biossegurança em elaboração, em função da pandemia de Covid-19. 

As aulas estão totalmente suspensas na Ufes desde março. A princípio, o retorno se daria de forma remota não antes de 1 de setembro, segundo as atuais discussões nos conselhos que integram a administração da entidade.

Mas, ao insistir em implementar políticas como o Earte, expõe o Coletivo, a Ufes “ocupará um papel de algoz, fazendo com que pessoas com deficiência sejam expulsas, ainda que de forma velada, do espaço universitário, favorecendo uma lógica individualista e meritocrática, acirrando ainda mais as desigualdades e exclusão. Ao fazê-lo, está indo de encontro a tudo que defende e apresenta à sociedade”.

As Mães Eficientes e demais signatários defendem que “as atividades universitárias devam ser suspensas até quando a crise pandêmica passar, e retomar apenas quando todos possam voltar com segurança e com a qualidade”, correspondendo assim, “à missão, à visão e ao comprometimento que a universidade defende”, acentuam, transcrevendo a missão, os valores e a missão da universidade, entre eles, o respeito à justiça e à equidade social; a pluralidade, a individualidade; a responsabilidade social; a interlocução e parceria com a sociedade; a preservação e valorização da vida; a gestão participativa”.

‘Ninguém fica para trás!’

Traçando um breve histórico da luta que permitiu a entrada das pessoas com deficiência no ensino superior capixaba, o Coletivo diz que esse processo “está em permanente construção e visa não só a garantia do ingresso na universidade, mas também a permanência desses estudantes até a obtenção do seu diploma de formação no ensino superior”, sendo “incontáveis as dificuldades que os estudantes com deficiência precisam enfrentar para se manterem na universidade, terem acesso a uma formação de qualidade e conquistarem o tão sonhado diploma”.

O manifesto lembra ainda que “as aulas presenciais já evidenciam alguns dos muitos desafios à comunidade acadêmica e à gestão universitária, tais como: falta de recursos metodológicos, falta de acessibilidade, falta de apoio da universidade – tanto a esses estudantes como a seus professores, já que se nota uma ausência de uma formação específica que se atente às muitas especificidades de cada um desses sujeitos”.

Dificuldades intransponíveis quando se pensa em aulas remotas, visto que, mesmo para os que dispõem dos recursos tecnológicos necessários, não será possível, em muitos casos, acessar as aulas, devido às várias dificuldades pré-existentes e potencializadas durante a pandemia, como ansiedade e depressão, “processos comuns em pessoas com deficiência intelectual e transtorno do espectro autista, mas que neste contexto de isolamento, além de piorados, são muitas vezes acompanhados de crises e surtos”.

Havendo ainda a “falta de recursos para acessar outros meios de estudos, como acesso aos livros na biblioteca, a textos em braile, a materiais com a linguagem de libras, etc.”, e “as turbulências de diversas ordens que atingem o corpo discente em geral: a contínua luta pela existência, pelo alimento, pelo emprego, adoecimento psíquico/emocional, falta de internet, computadores, perda de familiares ou amigos pela Covid-19”.

Estudantes sem deficiência também desaprovam

No final de maio, uma pesquisa realizada pela própria Universidade mostrou que a maioria dos estudantes que responderam ao questionário é contrária à retomada do calendário com utilização de atividades não presenciais durante a pandemia do coronavírus

Na ocasião, a Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Adufes) reafirmou sua posição, de suspensão do calendário acadêmico, a exemplo do que foi decidido por 70% das universidades brasileiras.

Público prioritário

O apelo das entidades e cidadãos signatários da nota de repúdio do Coletivo Mães Eficientes Somos Nós tem respaldo no posicionamento da assessoria em Educação Especial da Secretaria de Estado da Educação (Sedu), Sumika Freitas.

As pessoas com deficiência, explica, são consideradas público prioritário na definição de políticas públicas pela lei brasileira de inclusão e também por uma lei estadual aprovada este ano, que reforça a determinação nacional.

“No trabalho pedagógico, essas crianças têm prioridade de atenção e acompanhamento especializado”, afirma, enfatizando que elas são, portanto, o principal parâmetro para definir como e quando voltar com as aulas presenciais para toda a rede de educação do Espírito Santo.

Há uma tentativa em âmbito nacional, denuncia Sumika, de fazer regredir todo o trabalho, feito ao longo dos últimos anos, de inclusão das crianças e adolescentes com deficiência na Educação. “Esse parecer deixa isso muito claro, que a intenção é retirar essas pessoas das escolas e segregá-las novamente”, repudia.


‘Educação é muito lucrativa para as grandes corporações’

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https://www.seculodiario.com.br/educacao/educacao-e-muito-lucrativa-para-as-grandes-corporacoes

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