A próxima sexta-feira (7) será de protesto contra o retorno das aulas presenciais na rede de ensino de Vitória, anunciado pelo prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) em vídeo que circula nas redes sociais. A carreata será realizada pelo Grupo Professores Associados pela Democracia de Vitória (Pad-Vix), com concentração às 8h, no campus da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Goiabeiras, rumo à Prefeitura Municipal de Vitória (PMV).
O diretor executivo da Pad-Vix, Aguinaldo Rocha de Souza, informa que outras entidades estão na organização da atividade, como o Fórum de Diretores das Escolas Municipais de Vitória, Sindicato dos Servidores Municipais de Vitória (Sindismuvi), Fórum de Educação de Jovens e Adultos e coletivos de profissionais da educação.
Uma das críticas em relação ao retorno das aulas é que a decisão foi tomada sem diálogo com a comunidade escolar e de forma “irresponsável”. “O que a gente espera de um prefeito é que tenha responsabilidade com toda a cidade e seja aberto ao diálogo. É no mínimo um desrespeito divulgar um vídeo daquela forma, com uma decisão tomada sem ouvir a comunidade escolar”, aponta.
Aguinaldo relata que a secretária de Educação, Juliana Rohsner Vianna Toniati, foi procurada por diretores de escola na manhã desta quarta-feira (5), e afirmou que, apesar da divulgação do vídeo, o retorno presencial está condicionado à classificação do município no Mapa de Risco que será divulgado pelo governador Renato Casagrande na próxima sexta-feira (7). Mas, ainda assim, é preciso convocar a comunidade escolar para a próxima segunda-feira (10), data anunciada por Pazolini para o retorno.
Para Aguinaldo, a afirmação da secretária mostra falta de organização. “É algo que compromete o processo de planejamento e elaboração nas escolas. Não lidamos com 10 pessoas, mas com mais de 40 mil alunos”, desabafa.
Segundo Lorenzo Pazolini, as aulas voltam de forma gradual na Capital, “com respeito aos protocolos sanitários”, mas sem entrar em detalhes. A decisão, alega, foi tomada “com muita responsabilidade, dialogando, interagindo”, “ouvindo a ciência, mas também pais e mães”, para garantir “o direito indelével à educação de qualidade”.
No vídeo do anúncio também aparecem o presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Estado do Espírito Santo (Sinepe/ES), Moacir Lellis; o pediatra e coordenador da Região Sudeste da Sociedade Brasileira de Pediatria, Rodrigo Aboudib; e o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos). O deputado e Pazolini, recentemente, fizeram movimentos nesse sentido não só com empresários da área de Educação, mas também do comércio. Desta vez, Erick destacou que “não podemos perder uma geração nesse período de pandemia” e que o debate sobre o retorno das aulas presenciais deve ser feito também na Assembleia Legislativa.
Já Moacir Lellis defendeu que o retorno das aulas é importante pelo fato de que “a criança precisa do relacionamento com outra criança”, enquanto o pediatra Rodrigo Aboudib afirmou que a medida é uma forma de possibilitar que os estudantes “possam viver em plenitude”.
A decisão de Pazolini foi anunciada antes mesmo de um posicionamento do governo do Estado sobre o tema. Na última sexta-feira (30), Casagrande afirmou que se reuniria com entidades da sociedade civil, como sindicatos das empresas de ensino e dos profissionais da educação, para dar o que chamou de “um passo a mais” no que diz respeito à educação em municípios considerados de risco alto para Covid-19, como os da Grande Vitória.